Si hortum in biblioteca habes deerit nihil

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25 de julho de 2012

Redenção

Não choreis, ventos, árvores e mares,                         
Coro antigo de vozes rumorosas,                               
Das vozes primitivas, dolorosas
Como um pranto de larvas tumulares...

Da sombra das visões crepusculares
Rompendo, um dia, surgireis radiosas
D'esse sonho e essas ânsias afrontosas,
Que exprimem vossas queixas singulares...

Almas no limbo ainda da existência,
Acordareis um dia na Consciência,
E pairando, já puro pensamento,

Vereis as Formas, filhas da Ilusão,
Cair desfeitas, como um sonho vão...                  
E acabará por fim vosso tormento.



Antero do Quental 1842, 1891