Si hortum in biblioteca habes deerit nihil

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10 de setembro de 2015

Fruta da Época


Jan Roos, 1591-1638

Considerando que há eleições em Portugal, embora não universais, desde há quase duzentos anos, podemos dizer que evoluímos muito.
Os portugueses já não desfilam como ovelhas atrás do cacique regional pelas Corredouras do seu país, não votam movidos a vinho e a carneiro com batatas, sabem o que é um comício e já nem lhes ocorre que campanha pode ser militar. Quanto a brigas, brigam à mesma, mas agora é o futebol que os divide, como em qualquer Inglaterra cultíssima e democratiquissima
 deste mundo.


Podemos portanto concluir que Salazar, a Democracia e a Europa, cada qual à sua maneira, nos tornaram bem-comportados, civilizados e prontos a usar a própria cabeça.
Sem ironia, estou convencida que cada português é livre quando, em frente do boletim de voto, coloca a cruz naquilo que lhe parece ser o melhor para si e para a sua vida, consciente do que está a fazer, informado e sem se sentir pressionado, sem medo.

Esta é uma situação perfeitamente pacífica, hoje em dia, na sociedade portuguesa – o voto resulta da livre escolha individual de cada um e, como tal, é respeitável e respeitado por todos.
Há que aplaudir e ter orgulho no comportamento do povo português enquanto eleitor.
Resta agora esperar que os eleitos, aqueles que pretendem ter um lugar à frente deste povo exemplar,  se coloquem ao nível cultural de quem os elege, deixem de ser broncos e caudilhos trauliteiros (agora com palavras de mais ou menos verniz,: não fui eu, foi o senhor, não fui eu, se não foi o senhor foi o seu pai, etc), sob pena de continuarmos, cada vez em maior número, a ficar em casa por não termos em quem votar .(MFM)