Por volta de 1863 decorriam os trabalhos de construção da chamada linha do Norte. Para além das alusões já descritas neste blog, retiradas das actas da CMT, nada encontrei sobre os trabalhos de implantação da linha férrea na Quinta do Porto da lage que há 150 anos devem ter transtornado as vidas dos habitantes do Paço, Vales e Paialvo, lugares então mais próximos, e de todos aqueles que trabalhavam os campos em redor.
O primeiro comboio entre Santa Apolónia e Gaia viria a circular em 1864 (em 7 de Junho deste ano fica oficialmente completa a linha do Norte), faz para o ano 150 anos. Significa isto que em 2014 Porto da Lage celebra 150 anos da sua estação, o mesmo será dizer do seu nascimento como localidade. Talvez o lembrete desta data interesse. Cá fica.
A Gazeta dos Caminhos de Ferro na sua edição de 1956, edição comemorativa do centenário dos caminhos de ferro portugueses, para além de nos dar a conhecer o processo político, administrativo e até financeiro da construção daquela Linha dá-nos também uma visão extraordinária das vicissitudes físicas e humanas que toda aquela obra arrastou consigo. Vale a pena ler o artigo todo, mesmo aqueles que, como eu, não são propriamente apaixonados pelos comboios (excepto para viajar neles) e a quem resulta "chinês" toda a alusão pura e dura à técnica quer da máquina quer da geologia. E vale a pena mesmo, chegar ao fim, para concluir que a fiscalização funcionava, que o governo se empenhava e a obra terminou quatro anos antes do previsto, apesar dos contratempos apresentadas, o que era motivo de orgulho e levou um director da Companhia Real a afirmar: «Pode dizer-se, sem receio de desmentido, que nunca em Portugal houve tanta actividade na execução dos trabalhos públicos». Mal sabia ele o que aconteceria mais de cem anos depois!
Porém, para quem só quiser saber o que se passou no percurso da linha próximo de Porto da Lage as pags 414 e 415 da Gazeta dos Caminhos de Ferro da presente edição, descrevem-no. De realçar o papel que operários irlandeses e italianos tiveram na construção dos túneis e a alegria popular e os brindes burgueses sempre presentes, mesmo em sitios onde só "reinam pedras".
De qualquer forma, segue um pequeno extracto daquele artigo da Gazeta, intitulado "No centenário dos Caminhos de Ferro" assinado pelo Eng. Frederico de Quadros Abragão: