17 de março de 2012

Disturbios em Porto da Lage (continuação)

Continuam os abusos na estação de Paialvo com bulhas entre os cocheiros, que dizem obscenidades e disputam, à força, os passageiro.
Jornal “A Emancipação” 13 de Abril 1879

Disturbios em Porto da Lage

“ Nesta sessão  compareceu o Dr. José de Melo, Administrador deste concelho que declarou que sendo um facto público o mau serviço praticado na Estação de Payalvo pelos  cocheiros e condutores auxiliares dos veículos que para ali fazem carreira, pertencentes a Francisco Pereira da Silva Sardo e António Pereira Campeão Sobrinho, desta cidade, o que tem dado lugar a diferentes queixas por parte do público, principalmente em virtude das violências praticadas pelos referidos cocheiros e condutores para com os passageiros a quem têm chegado a rasgar o fato, na ocasião de os puxarem para entrarem nos seus respectivos veículos, para lucrarem o preço do transporte, tendo essas ocorrências motivado tais desinteligências entre os sobreditos cocheiros e condutores que os têm levado à desordem.
Que são tão lastimosos estes acontecimentos e tão reconhecidos pela câmara a necessidade de os fazer cessar, que já para esse fim tem mandado à estação o seu zelador, mas como nada conseguisse, oficiou a mesma Câmara à Administração do Concelho pedindo-lhe o seu auxilio para o serviço de policia na mesma estação. Em vista dessa requisição e no cumprimento dos seus deveres, remeteu um exemplar das Posturas ao Regedor da Madalena, recomendando nessa ocasião que se apresentasse na Estação de Paialvo  à chegada dos comboios o maior número de vezes possível, e que fizesse cumprir rigorosamente as Posturas Municipais.
Sentia que todas as medidas até hoje adoptadas não tivessem produzido um resultado satisfatório parecendo até que era crescente o mau serviço na Estação, pelo que lhe parecia que a frequência dos abusos ali praticados só poderia evitar-se indo os dois oficiais de diligências alternadamente cada um deles, encarregados de fazer o serviço de policia na aludida Estação à chegada de todos os comboios".
in sessão da CMT de 17 de Março de 1879.

O Rei D.Carlos em Porto da Lage, 1901

 “Em direcção aos Vales para tomar parte nalgumas caçadas promovidas por António Peres, aos javalis, que por aqueles sítios abundam, passou por esta cidade 5.ªfeira El-rei D. Carlos. Na estação de Paialvo foram esperá-lo: a Câmara Municipal; capitão Freitas, Administrador do Concelho; Conselheiro João Tamagnini Barbosa e Corpo Judicial. Quando chegou o comboio, a Filarmónica de Paialvo executou o Hino da Carta”.

in jornal «A Verdade», 5 de Maio de 1901

O Rei D.Carlos numa caçada, nos Vales, Ferreira do Zêzere.
"De regresso dos Vales, onde foi tomar parte numa caçada aos javalís, em que foi morto um destes animais e feridos dois ....à estação de Paialvo, foram de Tomar acompanhar El-Rei, numerosos cavalheiros. Consta-nos que El-Rei ficou muito satisfeito da maneira como foi recebido".

in jornal «A Verdade», 12 de Maio de 1901

A Rainha em Porto da Lage em 1900

A Rainha D.Amélia e os doisfilhos Luís Filipe
 e Manuel em 1893, foto retiradade um album
 de fotos da família real (nada tem a ver com a citada vizita)
«No dia 6 de abril de 1900 veiu de visita a Thomar, inesperadamente, a rainha Senhora D.Amelia de Orleans, acompanhada pelos seus dois filhos D. Luiz Filippe e D. Manuel, e pelos dignitários de serviço. Foi recebida pela Camara que a foi esperar ao principio da estrada de Payalvo, onde os trens se encontraram, sendo o Municipio representado por mim e pelos vereadores Lima, Silverio e Ernesto Campeão. Visitou os Paços do Concelho, o convento de Christo, e as egrejas da Senhora da Conceição, de S. João, de Santa Iria e de Santa Maria dos Olivaes e as fabricas do Algodão e do Prado. A Camara, que sempre a acompanhou n'estas visitas, acompanhou-a tambem ate a estacão de Payalvo, onde entrou no comboio expresso em que viera e em que regressou a Lisboa, mostrando - se satisfeita peIa maneira como foi recebida. Em sessao de 19 do referido mez a Camara deIiberou congratuIar-se com esta visita.
A rainha deixou ao presidente da Camara, que eu era, a quantia de 100$000, sendo 60$000 rs. para os pobres e 40$000 rs para as duas phiIarmonicas que tocaram durante as poucas horas que sua Magestade foi visitante da nossa cidade; assim foram distribuídos.»
In “J.Torres Pinheiro, Quatorze annos de Administração Municipal e Alguns subsídios para a história de Thomar edição do autor, 2.ª edição, Lisboa 1920 (pgs.76,77)