Papa Francisco I |
Ontem coloquei aqui um post sobre o meu avô, exemplo de crente que subordinou toda a sua vida, silenciosamente, ao amor a Deus e à Sua vontade, em contraponto com aqueles que querem fazer da sua religião o centro do esplendor, do poder e do mediatismo. E não me refiro só à Igreja (aquela estrutura cem por cento humana que sobrevive há 2000 anos, no meio dos maiores martírios infligidos a si e por si, hoje personificada pelo Vaticano) e que está agora a viver o protagonismo máximo com a eleição do novo papa, refiro-me também aos seus detractores, principalmente aos que vivem no seu seio. A agressividade e o ressentimento com que oiço falar alguns católicos exigindo “mudanças” e “aproximação aos novos tempos” como se se tratasse de uma sociedade recreativa, clube desportivo ou de um partido político em risco de perder associados, perturba-me. Esta mundanização de que a Igreja Católica é alvo em que o que parece ser importante é torná-la “moderna e arejada” é, ou me engano muito, a razão que leva ao tal afastamento das pessoas. No mundo ocidental onde, Deus seja louvado, a Igreja já não goza de qualquer poder secular, quem se aproxima dela procura espiritualidade e encontro com algo superior, não reivindicações sociais. Para isso existem outros fóruns. É claro que não estou a falar da dimensão social da igreja, isso são outros contos.
Por isso, ontem à noite, fiquei muito impressionada com a actuação do novo papa. Não foi um estadista nem um sumo pontífice que se apresentou à varanda da Praça usando palavras grandiloquentes de ocasião, foi um homem que rezou e pediu para rezarem por ele. O Pai Nosso brotou então de milhares de bocas, acredito com a fé verdadeira com que Jesus o ensinou e milhões o repetem e repetiram ao longo dos séculos por toda a Terra. Esta dimensão de espiritualidade e encontro com Deus fez-me lembrar o meu avô. Talvez seja bom sinal.(MFM)