Casal Risota
....outro [acidente] aconteceu no ribeiro da Longra, a curta distância da foz, no local onde está uma ponte em lajes que dá acesso à várzea. A assinalar a morte das duas pessoas, um casal, existiu uma cruz de ferro que servia para testar a pontaria da rapaziada da escola que lhe ficava em frente....
"A ponte em lages que dá acesso à Várzea", em frente ao local onde se situava a antiga escola e se encontra agora a urbanização mostrada na fotografia em baixo. |
... Ouvi contar como aconteceu: noite de Inverno muita escura, o casal Risota e um filho, pessoas muito modestas, regressavam a casa, ao Paço da Comenda, depois de um dia de mercado em Tomar. Conduziam uma pequena carroça atrelada a uma muar. Percorrida a estrada dos Olivais, não tinham outra alternativa, vislumbraram na escuridão da noite a zona da estrada que os levaria a casa, totalmente submersa pela água da ribeira e do ribeiro que transbordara dos leitos e inundara a várzea e uma parte do olival. Inconscientemente, avançaram. Quando se aperceberam que a altura da água aumentava em relação à estrada, quiseram retroceder. Não tinham qualquer referência da localização da estrada. Na manobra de inversão, a pequena carroça caiu no ribeiro, ficou presa entre os muros que o canalizam com o animal atrelado. O casal Risota, marido e mulher, foram arrastados pelas águas caudalosas. O filho(1), rapaz ainda jovem e ágil, saltou para cima do muro do ribeiro e foi pedir socorro. Vieram gentes com lanternas e correram as proximidades. No dia seguinte, os dois corpos do casal foram encontrados, retidos por umas silvas, para além do local do acidente. (Ilídio Mota Teixeira*)
Teria sido por aqui que se deu a tragédia |
(1) De acordo com testemunho de Dulcinda Mota Teixeira este acidente teria ocorrido em 1928, pois este rapaz teria 14 anos aquando deste acontecimento, sendo que, ainda segundo Dulcinda, que consultou a campa no Cemitério de Cem Soldos, aquele teria nascido em 1914.
*Nasci no sítio de Porto da Lage a 8 de Novembro de 1930. Registaram-me na conservatória de Tomar com o nome de Ilídio Mota Teixeira. Minha mãe, Ana Mota Rosa, filha de Soledade de Sousa Rosa, natural da freguesia de Assentiz, era neta e afilhada por baptismo dos nossos avós [Ana e Manuel de Sousa Rosa], assim se apresenta este portalegense que me dá a honta de colaborar no blog. Aguardem por mais contributos.