.... Nas minhas lembranças e conjecturas, muito abundantes nesta já minha longa existência, surgiu a curiosidade: quem e quando foi construído o açude, quem executou a abertura da levada e respectiva azenha; a origem dos muros e motas que têm início um pouco aquém da povoação de Além da Ribeira e terminam, com algumas interrupções, na ponte conhecida por ponte de pedra da estrada nacional que vai a Tomar; quem levantou os muros que canalizam o ribeiro da Longra pelas duas margens por uns cem metros; e quem terá plantado o majestoso olival. Nos confins das terras que foram pertences da Quinta da Belida, existe uma grandiosa mina talhada a picão num maciço rochoso no sopé duma pequena elevação. Observando a sua dimensão e a natureza da rocha por onde foi minada, leva-nos a crer que foi um trabalho de longos anos. Em 1950, a água que dela brota foi represada no interior e trazida para Porto da Lage.
A autoria desta obra não terá sido dos proprietários da Quinta da Belida que antecederam o seu trisavô e meu bisavô.
O Portalegence João Maria de Sousa, ilustre médico nosso conhecido pela excelente obra que nos deixou, diz que toda a margem esquerda da ribeira da Bezelga era domínio dos frades de Cristo, que é como quem diz, da ordem de Cristo e que eles eram os donos dos rios e dos ventos… Palavras de um republicano “empedernido”. (Ilidio Mota Teixeira)