19 de junho de 2013

Clero, Povo e Sobejos de Carne


Açougue do Clero

«Na Sessão de 28 de Março [de 1813], sendo presentes os Representantes e o Juiz do Povo desta Vila, mandados convocar pelo Acórdão último para responderem à Provisão Régia, ouviu-se a súplica que o Clero desta Vila dirigiu a Sua Alteza Real para poder vender ao público os sobejos da carne do Açougue que, por Privilégio, o mesmo Clero tem; foi pelos presentes unanimemente dito que tal concessão não convinha ao Bem Público não só por haver Açougue próprio dele e arrematado por esta Câmara, mas também porque os recorrentes pretendem que o Povo lhe gaste os Sobejos da carne que eles não puderem gastar e, por consequência, não pode por tal forma o Público ser deste modo bem servido, nem era decente o irem fazer aquelas compras, muito mais havendo Açougue Público, que supere muito bem todo o fornecimento preciso.
A Câmara acrescentou que isto iria defraudar a boa fé em que o marchante público se acha, pela arrematação que fez na Câmara...»*


*Sessão da CMT descrita nos Anais do Município de Tomar, 1801-1840, Amorim Rosa