27 de junho de 2014

Tempo de Banhos



Ir a banhos, no Verão, não é coisa só de agora. O sec.XIX trouxe a moda para as classes altas e a facilidade dos transportes rapidamente a democratizou. Em Porto da Lage ia-se para a estância balnear da região, passar uma temporada ou fazer um breve pic-nic de domingo. Mas, quem podia, ia mesmo mais longe. 
Conta a lenda que se partia, depois das colheitas, em galeras puxadas a bois, carregadas com todos os tarecos necessários para a permanência mensal na Figueira da Foz. Mas, com todo o respeito pela lenda, por alma de quem é que alguém escolhia ir saracotear por montes e vales, quando tinha precisamente o comboio à porta?  Se era para ir "por terra", de galera, não ficaria a Nazaré mais perto? Pois eu tenho para mim que as minhas inteligentes ascendentes, pois eram sobretudo mulheres, deixavam os homens com os seus afazeres, entrando assim logo de férias, embarcavam na estação local,  atreladas a todas as suas inúmeras crianças e pertences e lá iam até Alfarelos de onde saltavam, num pulinho, a engolfarem-se no areal da Figueira. Onde prestariam o seu mergulho diário auxiliadas pelo banheiro, só quem precisasse, por razões de saúde, evidentemente.(MFM)





Postal enviado, da Figueira da Foz, por Maria José Rosa Mota a seu filho João em Agosto de 1930





No Agroal 1957, fotografia cedida por A.V.Miguel



E com este me fico.Desejo bons banhos, para quem for de banhos, para quem não for que passe o tempo da forma que mais goste, e
até um dia destes(MFM).

7 de junho de 2014

Porto da Lage 150 anos


                                                           1864-2014



     
  Há 150 anos que os comboios passam por aqui. Foi precisamente a 7 de Junho de 1864 que se realizou, oficialmente, a primeira viagem naquela que se passava a chamar a Linha do Norte. Quatro comboios diários , dois em cada sentido, ligavam a partir daquele dia, Lisboa a Gaia.
Não existe, pelo menos não é público, qualquer estudo sobre a história da implantação do caminho-de-ferro no concelho de Tomar, com excepção do da cidade.
Um blog sobre Porto da Lage não podia deixar de procurar saber como se estabeleceu e desenvolveu o marco fundamental que deu identidade a esta localidade – a estação de caminho-de-ferro.
Logo no início do blog e depois mais amiúde, fomos publicando tudo o que encontrámos sobre a história da Estação de Paialvo- Porto da Lage.
Hoje, que se completam oficialmente os 150 anos da estação, como não temos nada a acrescentar, não porque não o haja mas porque não o sabemos, comemoramos singelamente a ocasião recordando o que fomos postando aqui.
A partir de recolhas dispersas, tentámos dar conta, do percurso desde 1856quando se inaugurou o caminho de ferro em Portugal, até à decisão e construção da linha que haveria de passar por Porto da Lage, a futura Linha do Norte, publicando posts que foram retratando as vicissitudes  por que passaram as populações e a evolução da própria estação até esta se tornar um importante centro por onde confluíam pessoas e mercadorias de uma vasta região.
A partir de extractos de actas da CMT, retirados dos Anais do Município de  Tomar de Amorim Rosa, podemos acompanhar as discussões acerca de expropriações de terrenos, evolução das obras, construção de estradas de acesso e, já depois do funcionamento da linha, os pedidos para que a estação alargasse a sua importância e nela parassem comboios mais rápidos e com mais frequência. Vimos, até, como, no auge do grande tráfego de gente e comércio que vinha do Porto e Lisboa com destino ao centro do país, os passageiros eram disputados pelos cocheiros que os esperavam à saída do comboio, para os transportar para Tomar e outras localidades, a ponto de se estabelecer a violência.
Vimos também, como uma célebre viajante estrangeira fala dos nossos campos e da beleza das nossas uvas num livro que escreveu sobre a sua viagem a Portugal, e até como o rei ,e mesmo a rainha, e outros viajantes se apearam e partiram deste  modesto cais .


Aurélio de Sousa Vasconcelos, um dos chefes da estação
de Paialvo/Porto da Lage. Fotografia cedida por Frei da 
Paz Renato




2 de junho de 2014

Uma Família de Porto da Lage




Maria José Mota



"Ela levou à certa um homem que já estava ordenado padre. Só lhe faltava dar a 1ª missa. E dele teve 12 filhos, dos quais faleceram 4." 
Assim demonstra a sua admiração por Maria José Mota, o seu bisneto Freire da Paz Renato que nos apresentou os seus ascendentes que viveram em Porto da Lage a partir dos finais de novecentos.
Aurélio de Sousa Vasconcelos, o tal destinado a padre, apaixonado e futuro marido de Maria José, acabou por ser chefe da Estação de Paialvo/Porto da Lage. 
Natural das Moreiras Grandes, Assentiz,  era filho do médico naturalista que se formou na China por onde andou uns anos, segundo as palavras do bisneto. Chamava-se o dito médico naturalista João de Sousa Vasconcelos e o nome tinha-lhe sido dado a 25.12.1833 pelo padrinho, Frei João António de Sousa Freire Almeida e Vasconcelos, do real Convento de Cristo de Tomar.

Maria José Mota que se casa com Aurélio por volta de 1894, era natural das Sobreiras, filha de António Joaquim da Mota e de Maria Rosa, neta paterna de Francisco da Mota e Maria Rosa e materna de António de Sousa e Felismina Rosa. Dos seus filhos destacam-se Irene, avó do nosso informante Freire da Paz Renato e Helena da Mota Vasconcelos, uma senhora maravilhosa de que me lembro muito bem, esposa de A.Miguel, pais de António e Armando.


Alguns filhos do casal, em Porto da Lage nos anos vinte.




Maria José Mota em 1954
Fotografias cedidas por Freire da Paz Renato.