Neste Verão, em Porto da Lage, a Margarida brilhou
Apareceu “bem arranjada”, como é preceito do ofício, de cabelo com laca, lábios pintados e as inevitáveis pérolas.
Debaixo do ar de senhoril respeitabilidade a que o figurino obriga, estará a Margarida, com aquele ar ou outro, estará com o seu “ar verdadeiro” a tentar fazer o melhor possível, como todos nós, pela sua existência.
Terá sido o porfiar pela vida que a tornou visível desta vez, ignoro se houve outras, em Porto da Lage. Não conheço a Margarida mas não estou sozinha a especular sobre a razão que a fez deslocar-se a uma rua cheia de casas desertas, só vazias algumas, vazias e arruinadas outras, e colar em três delas* o dístico “vende-se”.
E então passou a Margarida a ser o sujeito duma história. Uma qualquer, inventada por todos, que tem em comum a pergunta - Porquê Margarida? Dizia-se, debaixo da luz de Agosto –Olha, chama-se Margarida a vendedora! – Vem cheia de entusiasmo, a Margarida, logo três de uma vez. Não se fala sobre o que faz mas por que o faz. Ninguém se interroga sobre as casas, que são o mero objecto da conversa sobre a Margarida. Os mais interessados adiantam mesmo – Será que ela vai conseguir?
No pano de cena que é esta rua de Porto da Lage, imutável, previsível, indiferente, uma pequena mudança ocorreu no cenário este Verão – chegou a Margarida.
Felicidades, Margarida! (MFM)
* As três casas eram propriedade de filhos deste casal
Comentário recebido por e-mail 11:09 24-11-2014:
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