As companhias de viação, responsáveis pelos transportes Estação de Paialvo-Tomar, que tantos dissabores causavam aos passageiros, pelas disputas entre si, reuniram-se em 1892, conforme a notícia abaixo. Deste modo talvez se tenham passado a evitar os distúrbios e a intervenção das autoridades naqueles casos, porque, em outros, as "diligências do sr. administrador do concelho" ter-se-ão sempre continuado a fazer sentir, como podemos ver nas "gatunices" transcritas.
A nova companhia, chamada popularmente "a empresa" tinha a sua sede, nos inícios do século XX, na Rua Direita (da Várzea Grande), pouco mais ou menos em frente ao Teatro, no local onde existiu durante muitos anos uma bomba de gasolina e agora está um restaurante. Lembro-me de ouvir os mais velhos referirem-se ainda àquele local como "a empresa", chegas "à empresa" e viras à direita, ou "vai-me comprar um carro de linhas desta cor, tem de ser marca "Coração", à loja do sr. Tomás, ao lado da empresa".
A "empresa" fechou por falta de trabalho, em 1928, quando a estação de Tomar começou a operar. Grande ambição da cidade, a chegada do caminho de ferro trouxe uma significativa melhoria de acessos (até porque, como vimos, as estradas, quer a de Paialvo, quer a de Chão de Maçãs, mantiveram-se quase sempre em mau estado) mas teve o seu reverso no fim "da industria" de transportes de Paialvo que suportava uma economia própria e mantinha um grande número de famílias. Um jovem segeiro da companhia, cuja família de quatro filhos vivia razoavelmente com o salário do seu ofício, viu-se subitamente na miséria, da qual muito tarde se veio a recompor, devido ao fecho daquela. Era o meu avô materno. Os momentos de ruptura, mesmo das aparentemente benéficas (e até inevitáveis), fazem sempre as suas vítimas. (MFM)
10.07.1892 |
21.03.1897 |
Estação de Caminho de Ferro de Tomar, 1930 |
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