14 de fevereiro de 2018

Liberdade, liberdade

Nave dos Louco (1490-1500), Hieronymus Bosch




Nisto do projecto de lei sobre a eutanásia há, pelo menos, uma coisa que me agrada. Ao contrário dos ventos que ultimamente têm encaminhado tudo o que governa as nossas vidas, esta, e outra lei ainda, vão em sentido contrário – deixam-nos! É tão bom saber que pudemos! Desde criança que eu não sentia esta sensação de liberdade de “ter autorização”, já nem me lembrava de como era! Que maravilha haver um recreio no mundo da proibição instituída - de fumar, de comer, de beber, de ver, ler, falar o que vai contra o código aceite,etc,etc, - e onde nos é permitido escolher duas coisas: morrer  e levar o cão a almoçar fora!
Só espero que o vento não tome a direcção habitual e elas passem a ser obrigatórias, não por causa do morrer, que, isso, enfim, se o que há-se vir ao tarde vier ao cedo … , mas o resto? porque já o meu paizinho que sempre teve cães e os adorava, dizia – cães às refeições, nunca, que isso só os faz sofrer! (ele era reaccionário, eu sei). (MFM)


12 de fevereiro de 2018

Bom Carnaval (sem laranjadas)



                                                                 Carnaval no sec. XVI




Pieter Brueghel, o velho (1525-1569) Luta entre Carnaval e Quaresma (pormenor)



...para o carnaval não têm [os lisboetas] recreação nenhuma senão atirar laranjas azedas, e em especial nos dois últimos dias, de tal forma que nenhum gentil-homem sai fora de casa durante aqueles dias, acontecendo mortes de homens.  (Gianbattista Confalonieri , final sec.XVI)


Nota: De tal forma a violência marcava esses dias que, nos inícios do século XVII, Filipe III viu-se obrigado a proibir as «laranjadas e brigas de Entrudo». E, já agora, bom carnaval, para quem é de carnaval, para quem não é, uma terça feira de entrudo bem sossegadinha, como a que eu desejo para mim. (MFM)