(continuação)
A destinatária não gostou da poesia, conseguiu saber quem eram os autores, pegou na carta e foi fazer queixa à policia. Não sei se à primeira a moça sabia quem eles eram todos. Os sete “mosqueteiros” usaram o lema “um por todos e todos por um”. Quando foram notificados lá seguiram todos para Tomar, cada um na sua bicicleta. A queixosa, a mãe e mais uma irmã, também foram chamadas. Quando o comandante da esquadra resolveu castigar os “réus” aplicando multas, a cada um, de duzentos escudos para a sopa dos pobres, perguntou à queixosa se achava bem o castigo, ao que ela respondeu:
- Acho pouco!
Durante anos a pobre da rapariga era só conhecida por “acho pouco”. Há pouco tempo uma pessoa que veio morar para Porto da Lage uns três anos depois desta história, perguntou-me porque apelidaram a moça com tal designação.
Na opinião do comandante da esquadra as quadras ou versos mais maldosas eram da autoria do rapaz mais novo. Isto foi talvez há sessenta e cinco anos, já quase todos já não estão entre nós. O mais velho teria agora oitenta e sete anos.
Por aqui se teriam reencontrado os compadres |
Os divertimentos dos jovens eram diferentes dos seniores. Havia dois compadres, cunhados, primos e vizinhos que também marcaram pontos. Um era Manuel Augusto Mota e outro António Sousa Rosa. Tanto um como outro gostavam de beber uns copitos. Todos os sábados iam a Tomar numa charrete puxada por um cavalito: iam ao mercado. O Manuel Augusto Mota comprava 250 g de carne de vaca, o outro comprava mais qualquer coisa para oferecer a um cunhado, era uma devoção. Em determinado sábado lá vinham os dois de regresso a subir a ladeira de Tomar, mas parece que já vinham aconchegados. Chegaram ao topo da ladeira – a primeira paragem no Chico Elias – taberna. O Manuel Augusto Mota foi tratar de refrescar a boca. Quando chegou cá fora não viu a charrete nem o cavalo nem tão pouco o compadre. Resolveu meter-se a caminho a pé sete quilómetros. Quando chegou a casa já vinha lúcido e o compadre estava sentado no portal da casa dele à espera. Quem foi o culpado do incidente foi o cavalo que não percebeu que faltava um passageiro. Ninguém lhe fez sinal para esperar. O António Sousa Rosa tinha perdido o chapéu, teve sorte porque o Manuel Augusto Mota o encontrou na estrada e apanhou-o para o entregar ao ingrato do compadre.
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Confesso que estou a divertr-me imenso com estas histórias!
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