Jornal A Verdade 7.09.1879 |
Pois, se calhar o sr. Comandante de Infantaria 11 não tomou as providências necessárias,ou se tomou não chegaram, ou então o senhor não chegava para as encomendas que eram muitas e duraram muitos anos ou, prontos, se calhar o senhor morreu ou assim,e por isso foi dada uma nova redacção ao artigo 170.º do Código Penal.
A sério, a geração de mulheres que agora mais se indigna, com aquilo a que chama piropo, mostrando-se agastadas ao ponto de cair no ridículo (e é fácil meninas, eles andem aí, para nos respeitarem no mundo deles temos sempre que valer MUIIIITO mais), pois dizia eu, essas mulheres desconhecem o que já lá vai!!!
Milhares de filhas e netas das raparigas da notícia de 1879 foram obrigadas a continuar a ouvir as bestialidades dos insultos saídos das bocas dos descendentes dos desgraçados soldados de então. Chamávamos-lhes "feijões verdes", à chusma de soldados que,como os seus avós,aproveitavam o intervalo da suas preparações para a guerra, para se pespegarem lado a lado, em filas imensas, na ponte e nas grades à beira rio, e fazerem-se ouvir pelas miúdas que passavam sem adultos (no fundo eram umas crianças, o medo que eles, todos eles, tinham de outras calças ou de uma mãe anafada que lhes arregalasse os olhos!). Mas o pior, tanto como me dizem as minhas memórias de adolescente numa terra de província, nem era "a tropa", submetida ao poder disciplinar e receosa de queixas. Não contando com os "trolhas", os mestres de sempre nesta arte das "chufas", havia a tropa fandanga da hora de almoço, os estudantes internos do colégio, os mais velhos que tinham ordem para sair e os alunos da escola industrial. O jeito de ladear as ruas era igual ao dos outros, mas sobrava nestes o atrevimento que a boçalidade e a policia militar impedia nos primeiros. Não sei se haveria grande diferença entre o comportamento destes "estudantes" de 1960/70 e o dos soldados de cem anos antes. O que não havia, de certeza, era um comandante de infantaria que os pusesse na ordem!
Felizmente, hoje tudo se modificou, apesar das meninas, e muito bem, ainda quererem mais. Quarenta anos chegaram para alterar hábitos de centenas!
Continua a espantar-me a forma extraordinária como este país se transformou!
Mas nem tudo era mau e, quando a chusma se desligava, isto é, quando deixava de o ser e o "macho lusitano" não tinha outro ao lado para o apoiar nos dislates, as relações entre os sexos podiam até ser como a natureza manda, a sedução imperar e aí, com autorização ou sem ela , era bem-vindo o piropo quando do estilo deste aqui abaixo (MFM)