Desenho de Maria Keil |
Biciclo não havia, nem sonhar. Só as famílias
abastadas de agregados reduzidos tinham possibilidade de agraciar os filhos com
estes brinquedos. Que fazer? Quando me deslocava a Tomar em missão própria ou
em serviço, montava na garrana. Umas vezes seguia pela estrada nacional, em
macadame, outras vezes ia pelos caminhos dos pinhais.
Estacionava o
animal no parque gratuito com serviço de substituição de ferraduras na entrada
da cidade e seguia a cumprir com a missão. Quando porventura me encontrava com o meu primo mais velho que eu ano e meio, o tal que me disse para empurrar a pedra, íamos a uma das duas oficinas que reparavam e vendiam ou alugavam biciclos. Escolhíamos o mais condescendente com o tempo de aluguer. Cinquenta centavos – cinco tostões – era o custo por um quarto de hora.
Entregávamos a moeda, pagamento adiantado, e aí íamos nós a pedalar pelas ruas da cidade, nessa época sem automóveis. O meu primo era já “pedalista” consumado, ao passo que eu ainda mal me equilibrava. Precisava de mais treino.
Acabada a velocipedia e realizados os afazeres de que havia sido incumbido, regressava a casa pelos mesmos meios e caminhos como tinha ido. (IMT)
(continua)