Si hortum in biblioteca habes deerit nihil

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26 de outubro de 2016

III Lagares de Azeite

III – Lagares de Azeite
  
Na primeira casa de habitação que se encontra à margem da estrada, do lado direito para quem se dirige para o Paço da Comenda, partindo da ponte de cimento que atravessa a ribeira da Beselga, esteve instalado um lagar de azeite totalmente manual que, no final da década de 30 do último século, foi mecanizado. 
O primitivo funcionava como os dos tempos remotos: uma vaza redonda onde três galgas de pedra rodavam pisando os bagos de azeitona, puxadas por uma animal; uma prensa de vara em madeira e umas tantas fontes de barro com formato próprio para receber a almofeira e decantar o azeite. Na povoação de paço da Comenda funcionou um outro lagar com as mesmas características.





O terreno onde este antigo lagar está instalado pertencia a uma quinta que fora adquirida por um chefe de governo, em hasta pública, quando das nacionalizações dos bens das ordens militares, dos conventos e das igrejas em 1836. No último quartel do século XIX esta quinta é propriedade dum agricultor da freguesia de Assentis, Manuel de Sousa Rosa, e que, após a sua morte, é repartida pelos seis filhos. A um deles cabe o quinhão em que está implantado este lagar. Esta herdeira por sua vez, divide o quinhão recebido por seis dos sete filhos. O que herda o lagar altera-o, anos mais tarde, para mecânico como vem a desaparecer.
A prensa primitiva obedecia ao princípio das alavancas: fulcro, potência e resistência. Neste modelo a alavanca é inter-resistente.

Para aumentar a potência da prensa, era aplicado um sarilho de madeira com uma tranca atravessada a meio, accionada por dois ou mais lagareiros. Houve outras que usaram o parafuso de madeira e a mesma tranca.
                                            

Nesta área da ribeira da Beselga e da Comenda ainda existem olivais que forma plantados há já alguns séculos – para extracção do azeite eram necessários os lagares.

As Comendas foram atribuídas pela Ordem de Cristo; às Comendas foram atribuídas terras e nelas plantadas as oliveiras para frutificarem e proporcionarem rendas valiosas em azeite – como as azenhas ou moinhos em farinha e o pastoreio em gado. (IMT)

Nota: as imagens a preto e branco com as respectivas legendas foram retiradas do livro A Oliveira e o Azeite na Região de Tomar,  Usos e Costumes, de Manuel Guimarães, edição da Junta Nacional do Azeite, 1979 (MFM)


Adenda:

Para ilustrar o "Lagar do Ilídio",  HCM enviou o seguinte:


«Para ilustrar o Lagar do Ilídio, envio um esquema que retirei na net (alterei uma designação: onde estava Fuso, escrevi Parafuso)


      



Creio ser claro que as tarefas em forma de cabaça serviam para decantar - “como a verdade, o azeite vem sempre ao de cima”; o bojo menor ficava para baixo e tinha um furo por onde saía a borra quando se tirava o pau (espicho) que o rolhava.
A cintura estreita da “cabaça” servia para evitar que a concha com que se tirava o azeite da tarefa trouxesse também borra.

Assim se iam das leis da física utilizando.»  H.C.M.