Si hortum in biblioteca habes deerit nihil

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22 de dezembro de 2015

Bom Natal

O Natal é sobretudo memória. A memória do que foi ou deveria ter sido (quem nunca inventou passados?), de tempos calorosamente aconchegantes em que nós éramos o centro da ternura e reinava o prazer da antecipação! As sensações e sentimentos daquela noite, uma vez, mesmo há muito, vividas, apoderaram-se de nós, moldaram-nos a alma e voltam ano após ano, a fazer-nos reviver a alegria e expectativa de então, mesmo que já não haja razões para isso. Por isso o Natal pode ter tanto de felicidade como de dor. Felizes aqueles de nós em quem a memória dos Natais de antanho tem eco no Natal presente. Não consigo imaginar nada mais triste do que o contrário.
 Como era (é) pagã a Consoada da nossa infância! São os sentidos que no la trazem de volta: o cheiro da malha do casaco da  avó quando nos esborrachava contra si, a abóbora doce a derreter-se na boca, proveniente do pastel da massa do coscorão, a macieza da toalha de mesa de ver a Deus! Apenas os olhos e os ouvidos retiveram pouca coisa, muitas vozes, a falarem ao mesmo tempo, envoltas em mais luz que o habitual. E como permanece ainda tão vivo aquele sentimento omnipresente em toda a época, especialmente naquela noite das noites: a ansiedade da espera, a impaciência pela lenta passagem das horas que impedia a chegada do grande momento.
Que a magia natalícia não seja só nostalgia, é o que eu desejo a todos os que fizeram o favor de me acompanhar durante este ano. Que o vosso Natal presente seja cheio de harmonia e esperança. (MFM)

E,até um dia destes....
Bom ano de 2016!

Noite de Natal










Esperando o Natal


Manhã de Natal

Imagens: Reproduções de aguarelas de Carl Larsson (1853 – 1919

1 de dezembro de 2015

Festejando o Primeiro de Dezembro (há cem anos)


Mais um exemplo de como os factos (aqui históricos) deixam de ser aquela coisa objectiva que supostamente são para estarem ao serviço de freguês do momento. Em baixo, o fervor da exaltação do "Aniversário da nossa independência" pela República Velha, a da carbonária e da formiga branca. Hoje, os intitulados herdeiros desta facção pouco ligam à data, senão desprezam, "estas práticas nacionalistas e patrioteiras" e são os sucessores dos que se  bandearam com a corte espanhola que, agora a comemoram. Assim correm os tempos. Mas eu, pobre inocente que venho e sou do povo, ainda vou acreditando que este "torrão querido" é para preservar e que, mesmo tendo perdido (se é que alguma vez a tivemos) a pureza da nossa alma heróica, há-de continuar a ser uma Pátria, a minha Pátria. (MFM)


1-12-1915