Si hortum in biblioteca habes deerit nihil

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25 de março de 2022

Paciência

 

Marques de Oliveira, Rapariga na Praia


"O povo não costuma perder a paciência, porque ela é o seu único bem".

                                                                                Carlos Drummond de Andrade 


Deve ser por isso que aceita sem mais:



- Os pivots da televisão que, hoje na guerra como ontem na pandemia entendem que faz parte das nossas obrigações de espectadores aturarmos os seus estados de alma. Parece que pretendem com isso mostrar que são humanos e que sofrem com as noticias. Olhem que choradeira insanável (e útil!) não seria se nos hospitais, locais onde se recebem os mortos e feridos, campos de refugiados, etc., etc., o pessoal que lá trabalha também "fosse humano" como eles. Ganhem juízo.

- O nosso presidente (por quem ainda sinto um bosquejo finissimo da dita porque acredito que tem, ao contrário de outros governantes passados presentes e futuros, um genuino amor e interesse por este triste povo) pela sua verborreia incessante que atingiu mais uma vez os píncaros da respeitável sublime cretinice ao vislumbrar na actual guerra grandes vantagens turisticas para Portugal, à semelhança do que sucedeu na 2.ª Guerra Mundial (sic). Valha-o Deus.

- Quem manda nos bombeiros de Tomar que decidiu acabar com a sirene que, quem viveu nesta cidade e é vivo sempre se lembra de ouvir tocar ao meio-dia, para não perturbar os refugiados aqui acolhidos. Eu só espero que o autor da ideia (que continua de saúde, prova de que o ridiculo não mata) não tenha tido outra que a supera em estupidez: a de a fazer saber aos infelizes ucranianos como prova da sua preocupação com eles. Seria juntar o insulto à ignomínia. Perdoai-lhe Senhor. (MFM)