Em Portugal, se calhar mais do que
noutros sítios, está bem estabelecido o anexim “dos fracos não reza a história”.
E tomo aqui “por fracos” todos os que não têm poder, sobretudo o poder de
estabelecer as regras, políticas, de pensamento, dos costumes, do que se veste,
come e cozinha (agora na berra!), enfim, para continuar a falar
linguagem que se entenda, todos “os que não estão na mó de cima”, traduzindo em
contemporaneidade, pois as mós já não se usam, os “que não estão na crista da
onda” que é coisa mais surfisticamente entendível.
Esta forma cobarde de ver as coisas (quem ignora e despreza “os fracos” senão
os cobardes?) faz-nos, no que diz respeito à nossa História (que é ao que venho
agora), ser ignorantes, injustos, intolerantes, o que, muito resumidamente, só
nos define como muito pouco democráticos (estou a ser delicada).
Considero um crime, e não sou nada
original nisto, matar-se alguém. Considero um crime bárbaro matar-se uma
pessoa, já para não falar no jovem filho inocente, repito, uma pessoa boa, competente,
patriota, mas, mais do que isso, que não tinha feito mal a ninguém, só porque
era rei, e rei num país democrático e onde havia total liberdade, liberdade como
não houve até 1974. Considero uma vergonha que, até hoje, este crime não tenha
sido condenado pelos poderes instituídos, os quais, até nas cerimónias do
centenário do acontecimento, fugiram de se fazer representar alegando “ser
assunto político” do qual se queriam manter neutros!
Poderes
que se apressam a solidarizar e a estar pomposamente presentes em tudo o que,
pelo mundo fora, é visto como atentado à vida humana!
Talvez eu tenha estado distraída mas,
até esta tarde, não vi nem ouvi nenhum dos chamados media de referência, aludir a que se passa hoje mais um aniversário
do Regicídio.
Como outro dia achei por bem mostrar aqui a
minha indignação pela morte de doze pessoas por cujo trabalho eu não tinha
qualquer apreço, mais justificadamente o faço pela morte de dois portugueses
que tiveram uma morte cruel e injustificada e continuam, retroactivamente, a ser vítimas de processos injustos e a não
serem merecidamente respeitados.(MFM)
Nota: Eu não sou monárquica, muito francamente nem sequer percebo como se pode ser tal coisa, mas o que é que isso tem a ver com o que escrevi atrás?