Apesar de Tomar ter contribuído com grande número de homens para a guerra, através dos habitantes do concelho e do Regimento de infantaria aqui aquartelado, dizem-me que a Câmara Municipal de Tomar não levou a cabo qualquer iniciativa para os homenagear, nem tão pouco se associou às realizadas a nível nacional. A ser assim, é pena.
Não tenho antepassados directos intervenientes nesta tragédia. A sua faixa etária encontrava-se acima e abaixo daquela que se viu obrigada a caminhar para a França e Flandres. Mas também na minha família as memórias da partida, das saudades, da angústia da falta de notícias, faziam parte do nosso património de lembranças, através de um sobrinho e afilhado do meu bisavô que partira logo com o primeiro contingente e só regressara (mas regressara!) quando tudo acabara. No espólio da minha avó encontrei correspondência entre o primo Raul e a família. Fui agora à procura dele nos boletins do CEP e lá estava o segundo-sargento Raul do Coito que embarcou em Lisboa em 16 de Maio de 1917 e desembarcou na mesma cidade em 28 de Fevereiro de 1919. Quase dois anos de prova cujas reminiscências lhe devem ter alimentado o resto da vida.
Aqui deixo o boletim militar e dois cartões enviados à família, de um tomarense na Grande Guerra. Num deles manda a sua fotografia que considera fraca mas "não lhe ser fácil adquirir coisa melhor" por ali, no outro, confessa à prima a quem escreve, estar "sempre ansioso pelas notícias da nossa terra".
É o contributo deste blog para o homenagear, como símbolo dos milhares que o acompanharam. Mas é pouco, não chega, ele, e os outros, mereciam mais "da nossa terra".(MFM)
Verso da Fotografia |
Verso da ilustração acima |