Hoje é dia 1 de Dezembro. O dia em que os portugueses de 1640 decidiram recuperar a independência de Espanha, ao contrário de 60 anos antes em que, salvo poucas excepções, se lançaram quase nos braços daquele país. O que os fez mudar, o que os ligava ou deixava de ligar à pátria portuguesa. E hoje, como seria? Os portugueses gostam de Portugal, gostam de ser portugueses?
Como acontece muitas vezes, quando não se sabe, cita-se! E eu, hoje, socorro-me de Eça de Queirós. Criou ele duas magistrais personagens de portugueses, daqueles que, desde A.Vieira precisam de um mundo para viver e um pedaço de terra, a sua, para morrer.
O cosmopolita Jacinto, de A Cidade e as Serras, nado e criado em Paris, homem de cultura, possuidor de tudo o que a ciência e técnica já descobrira no seu tempo, vivendo, no entanto, neurastécnico, a "sofrer de fartura", resgata-se encontrando a alegria de viver em Portugal, na sua serra, que lhe mata uma velhíssima fome e de onde brota o vinho, o vinho que lhe entra mais na alma que muito poema ou livro santo.
O cosmopolita Jacinto, de A Cidade e as Serras, nado e criado em Paris, homem de cultura, possuidor de tudo o que a ciência e técnica já descobrira no seu tempo, vivendo, no entanto, neurastécnico, a "sofrer de fartura", resgata-se encontrando a alegria de viver em Portugal, na sua serra, que lhe mata uma velhíssima fome e de onde brota o vinho, o vinho que lhe entra mais na alma que muito poema ou livro santo.
A outra é Gonçalo Mendes Ramires, da obra A Ilustre Casa de Ramires, rapaz elegante, instruido, formado em Coimbra, com talentos literários (escreve uma monografia medieval sobre um antepassado seu), de fidalguia remontando aos godos mas ... sem meios. Meios que lhe permitam seguir os seus sonhos e alcançar a vida que pensa "ser vida". Para o conseguir, por cobardia, por insegurança, comete actos algo infâmes, mas, apesar disso, a generosidade, a simpatia, o heroismo, de que dispõe, conseguem triunfar e redimi-lo.
Espero que os dois trechos que aqui trago, para além de abrir o apetite para quem nunca leu as obras completas ou para quem não as lê há muito tempo, vos reconcilie (andamos sempre um pouco zangados com ela, não é?) com "a terra formosa de Portugal, tão cheia de graça amorável, que seja para sempre bendita entre as terras" (MFM)
Espero que os dois trechos que aqui trago, para além de abrir o apetite para quem nunca leu as obras completas ou para quem não as lê há muito tempo, vos reconcilie (andamos sempre um pouco zangados com ela, não é?) com "a terra formosa de Portugal, tão cheia de graça amorável, que seja para sempre bendita entre as terras" (MFM)
[Na cidade, no jantar de celebração do 35.º aniversário de Jacinto]:
[Nas serras, quando Jacinto chega intempestivamente, sem ser esperado]:
[Na quinta os três amigos comentam a próxima chegada de Gonçalo, de Moçambique]:
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