24.10.1897 |
O aluno de Medicina a que esta notícia alude, é o futuro Dr.Cândido Madureira que dá hoje nome a uma rua de Tomar, a antiga Rua da Graça que eu sempre conheci oficialmente com o nome novo mas à qual sempre chamei, e chamo, pelo nome antigo.
Lembro-me muito bem do filho, o sr. António Madureira, homem de cavalos como o meu pai, e de um dos filhos deste, de alva branca, durante a minha adolescência, a cantar lindamente na Igreja de S.João Baptista, e vejo muitas vezes, agora, um dos bisnetos a apresentar notícias num canal de televisão. Família conhecida, portanto.
E o conhecimento vem de longe. Sendo o meu pai muito pequeno, ainda nos anos vinte do século passado, muito frágil e magro, a mãe, preocupada, levou-o ao médico. Dizia minha avó que, por essa época, seria muito gorda o que, não tendo fotografias para ilustrar, custava muito a crer - a minha avó Maria José gorda???, mas enfim, se ela o dizia... Pois lá foi a minha avó anafadinha acompanhada do filho magrinho à consulta do sr. Dr. Cândido Madureira. Exposta a questão, o médico, que se mantivera entrementes de braços traçados, displicentemente a ouvir, mirou a mãe da criança de cima abaixo e murmurou sarcástico:
- Pois, coma eu! Se sobra para pôr no prato do pequeno pouco importa!
- Pois, coma eu! Se sobra para pôr no prato do pequeno pouco importa!
E assim, com estas palavras, aquele futuro distinto médico tomarense traçou a sua fama na pedra da memória da honesta família tomarense a que eu pertenço. Que aqui deixa, através de mim, o seu testemunho. (MFM)