António Gedeão,1906-1997, Poesias Completas (1956-1967)
Esta água foi nascer/Naquela encosta do monte/Para vir dar de beber/A quem passar pela fonte
António Gedeão,1906-1997, Poesias Completas (1956-1967)
Moeda de 50$00 em prata editada em 1972 |
"Os Lusíadas em Jacarta
Por FJV, em 14.03.22
Uma das razões por que gosto de Os Lusíadas tem a ver com o halo de doidice que percorre o poema épico. O que ali está é um grupo de estouvados que vai pelo mundo fora a desafiar os deuses, os Elementos e a ordem das coisas – o que irrita muito as pessoas que deve irritar. Como poema, é uma construção quase perfeita; como leitura do mundo, é de um atrevimento notável. No sábado passado assinalámos os 450 anos sobre aquele momento em que o impressor António Gonçalves, a 12 de março 1572, em Lisboa, deve ter folheado o primeiro exemplar. Não abriu nenhum telejornal, claro, mas hoje gostava de vos falar de Danny Susanto (professor na Universitas Indonesia, em Jacarta) que falou de Camões e de Os Lusíadas num congresso sobre o tema; tudo online, organizado na Ásia, mas virtualmente em Ternate, no arquipélago das Molucas, lugar essencial dos roteiros camonianos – onde Camões teria começado (ninguém garante) o poema. Foi um belo dia para Danny Susanto: cumpriu um dos objectivos da sua vida – traduzir Os Lusíadas para indonésio. Saiu agora e está disponível. Um abraço para Jacarta."
Francisco José Viegas Da coluna diária do CM. em 14.03.2022
Marques de Oliveira, Rapariga na Praia |
"O povo não costuma perder a paciência, porque ela é o seu único bem".
Carlos Drummond de Andrade
Deve ser por isso que aceita sem mais:
O equinócio da Primavera
ocorreu, em Portugal continental e na Região Autónoma da Madeira, hoje, 20 de
março às 15:33 horas (menos 1 hora nos Açores), instante que marcou o início da
Primavera no hemisfério Norte.
Ah, que
bela manhã de Primavera!
Cheira a café com leite,
a sabonete,
a goivos, a sol novo, a vida nova!
A Rua canta!… sinos e pregões,
apitos e buzinas, vozes claras.
- “Gostas de mim?”
- “Gosto de ti”
e o céu cobre a Cidade com seu manto azul.Os eléctricos voam, transbordantes,a tilintar, a rir nas campainhas,
e os automóveis, como borboletas,
circulam, tontos, nas ruas sonoras.
No Tejo, os vaporzinhos de Cacilhas
brincam aos barcos grandes, às viagens,
e o pequeno comboio vai e vem,
como um brinquedo de menino rico.
Confundem-se nas árvores, ao sol,
folhas e asas, pássaros e flores.
É festa em cada rua. Em cada casa,
um canário a cantar, uma cortina,
um craveiro florido na janela.
Despejaram-se armários e gavetas,
frasquinhos de perfume…Toda a gente
foi para a rua de vestido novo,
de fato novo, de gravata nova,
e tudo canta, a Rua é uma canção.
Ah, que bela manhã de Primavera!
–“Gostas de mim?” — é o tema da canção.
–“Gostas de mim?” — pergunta-lhe ele a ela.
–“Gostas de mim?” — pergunta à flor o vento
e a flor ao rouxinol… — “Gostas de mim?”
–“Gostas de mim?”, “Gostas de mim?”
Cheira a goivos, a sol, a vida nova…
Ah, que bela
manhã de Primavera!
(Fernanda de Castro 1900-1994, in "Asa no Espaço", 1956)
Eram assim os talheres em Porto da Lage! E eu tinha-me esquecido! Como é possível? |
Durante séculos, todos os séculos que nos precederam excepto os últimos setenta e cinco anos, a guerra fez parte da vida dos europeus ocidentais - era uma coisa tão real como qualquer outra que existia entre o nascimento e a morte de cada ser humano. Contavam com ela, preparavam-se para ela, preveniam-se dela, rezavam para que não começasse, para que se mantivesse longe, para que acabasse.
Depois, deixámo-nos disso, a paz passou a ser um direito, direito inquestionável como todos os que nos habituámos a desfrutar e todos aqueles que nos preparávamos para inventar. Passámos a ser pacifistas acreditando que tínhamos paz por causa disso, esquecendo que só a tínhamos devido aos lados contrários que mandam neste mundo possuírem cada um armas atómicas.
E não é que ignorássemos as guerras que ininterruptamente nasciam e continuavam sobre a Terra, as guerras "normais" dos nossos tempos, aquelas a que estamos habituados e sobre as quais temos sempre na ponta da língua as nossas abalizadas opiniões, as nossas verdades e os nossos culpados do costume. As guerras que têm como razão dissensões civis, regionais, religiosas ou étnicas que se costumam passar em locais remotos, nem sempre fisicamente longe, mas sobre os quais nada sabemos nem nos interessamos, até mesmo na Europa mas que já foram há mais de trinta anos, onde é que isso já vai, e eram nos Balcãs "entre eles" e "lá com eles". E aquelas que são causadas pela retaliação e invasão por parte de grandes potências devido a ataques que lhe foram feitos e as provenientes da eterna disputa de territórios de que a gente já nem se lembra de como principiaram, como entre a Palestina e Israel.
Mas esta semana chegou a guerra. A Guerra porque sim, porque um império resolveu invadir injustamente um vizinho mais fraco que não alinhava consigo e cujo espaço ambicionava, como aconteceu nas duas guerras mundiais do sec. XX, como aconteceu com Napoleão e como sabemos ter acontecido ao recuarmos por essa história além. E ficámos sem palavras, sem justificações (os comentários do costume parecem gastos e sem sentido) porque as receitas velhas não se adequam.
Há dois anos a Pandemia deixou-nos chocados pela surpresa, tal o credo que professávamos com toda a fé, de que era uma questão de tempo até a ciência e o progresso tecnológico nos fazerem vencer a própria morte.
Hoje, esta guerra que escapa a todas as
explicações conhecidas, causa-nos, digo-o consciente do abalo que posso causar às almas sensíveis, mais perplexidade que horror.
Talvez
tenha chegado o tempo de abandonarmos as nossas verdades e recomeçarmos a ter
dúvidas. (MFM)
Nota Preambular - Se têm mais que fazer não leiam o que segue. Esperem pelo próximo post que é, de certeza, melhor. Este não passa de uma chocha peça de diário que a autora achou por bem pôr aqui, para cumprir calendário.
A sala do voto com o respectivo quadro (todas têm um) alusivo aos fazedores ou executores da Lei. |
Aguarela de Fernando Perfeito de Magalhães Vilas Boas publicada em "Pelou rinhos Portugueses" do mesmo autor e de Vasco da Costa Salema. |
Foto de tempos idos. Hoje em dia este monumento está restaurado assim como se encontram bem recuperadas as casas à sua volta . |
Nesta e na foto anterior:vindimas e procissão nos anos trinta do Sec. XX em Paialvo. |
Nota: Imagens retiradas da net, sem alusão a identificação de autor.
A ponte depois das obras. |
Eng. Duarte Pacheco (1900-1943) "Pessoa eminentemente prática e de acção cuja interessante personalidade se caracteriza por uma robusta capacidade de trabalho e por um dinamismo que há muito o impuseram à consideração do país como um dos primeiros ministros da Revolução Nacional ..." |
Jornal "Cidade de Tomar" 6-10-1940 |
Mortalidade colateral (não-Covid) em 2021 (confirmação)
H. Carmona da Mota Janeiro 2022
Previa-se para 2021 um valor da mortalidade colateral (não-Covid) entre 11040 e 11880; foi de 10751 (97,4% do mínimo). Valores por milhão de habitantes (pM)
FIG 1 |
Tal como provei, em 2020 a mortalidade colateral (não-Covid) não foi excessiva e, como previ, também tal não aconteceu em 2021; foi mesmo muito inferior à de 2020 e até à de 2019. Os doentes não-Covid sobreviveram e o SNS tem resistido; até agora.
FIG.2 |
Nota: A figura 2 (que substituí por demasiado tosca) mostra as curvas dos valores históricos máximos (azul) (R2 = 0,9823) e mínimos (vermelho) (R2=0,9935).
O valor de 2021 foi inferior ao mínimo previsto tanto pela tendência (modelo de regressão quadrática) dos valores dos 13 anos anteriores como também ao que augurei, extrapolando dos valores mínimos históricos e assumindo que a mortalidade de 2021 seria baixa, dado que a de 2020 fora elevada (segunda tese).
O valor previsto não foi mau mas não suficientemente exacto pelo que houve que reavaliar a validade do raciocínio (a tese), os métodos usados ou os processos de contagem. A atribuição da causa de morte a pessoas susceptíveis (muito velhas e doentes) é difícil – morreram por Covid ou infectadas pelo SARS-Cov2 ?
Presumo que muitas mortes de velhos em lares (40% do total nos primeiros meses) tenham sido atribuídas à evolução fatal das doenças de base (atribuição muitas vezes feita pelos próprios lares) e que esse processo tenha vindo a ser corrigido. Auguro que provavelmente hipercorrigido com a massificação dos “testes” - mortes atribuídas à Covid por terem “testes” positivos; mortes que sempre teriam ocorrido – qualquer gota de água faz transbordar este co®po.
FIG.3 |
FIG.4 |
A ser assim, (Fig 3-4) o valor correcto da mortalidade colateral (não-Covid) de 2020 teria sido inferior (↓) ao oficial, aproximando-se do valor médio calculado pelo método da regressão (tendência) (Fig 5) ao passo que o de 2021 teria sido superior (↑), (Fig 4) aproximando-se do limiar previsto pelos dois métodos (Fig 1- 2).
FIG.5 |
Por fim, há que ter em conta que estes valores são sempre referidos à população portuguesa cujo número, nos últimos 4 anos tem vindo a aumentar por efeito da naturalização (R2= 0,9564) com uma proporção de velhos muito inferior à portuguesa.
FIG. 6 |
FIG.7 |
É a minha terceira tese que prego não na porta da igreja do meu castelo de Wittenberg mas à Porta Férrea da minha Universidade de Coimbra.
a) ter em conta a projecção da tendência histórica e não a média dos últimos 5 anos.
b) ter em conta a alternância de anos bons com anos maus.
c) ter em conta a dificuldade em, por vezes, distinguir causa de coincidência.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
Camões
Os Trabalhos
Testes na ponte sobre a Ribeira da Beselga |
Representação tomarense que foi a Belém convidar o Presidente da República para a inauguração. |
Chegada do Presidente da República e da sua Comitiva aos Paços do Concelho de Tomar. |