A quem possa interessar, directamente ou como inspiração, aqui vai esta publicação que a Biblioteca Nacional fez o favor de desenterrar do seu vasto espólio e dar a conhecer, pelo menos a mim, neste Entrudo. (MFM)
Esta água foi nascer/Naquela encosta do monte/Para vir dar de beber/A quem passar pela fonte
Si hortum in biblioteca habes deerit nihil
25 de fevereiro de 2020
24 de fevereiro de 2020
Vasco Pulido Valente
Deixa-me saudades a lucidez, a
erudição e a escrita. Eu, que tenho um entranhado amor pela minha língua, não
acredito que, em minha vida, volte a ler algo novo com tanta qualidade. Resta-me, cada vez mais, reler. (MFM)
1 de fevereiro de 2020
Fevereiro
Mês dos temporais,
Descubro as casas,
Esborralho os portais.
«Si hortum in biblioteca habes, deerit nihil»
Fonte: "Cantares de Todo o Ano"(selecção de cantigas populares portuguesas), 2.ª edição, Colecção Educativa, Série F, número 6, Ministério da Educação Nacional, Direcção Geral do Ensino Primário, 1971.
20 de janeiro de 2020
Mosaico Romano
A obra Agiólogo Lusitano dos Santos e Varões Ilustres em Virtude do Reino de Portugal e suas Conquistas, do Padre Jorge Cardoso (Lisboa 1606-1669) refere a pags. 761 do Tomo III, como se pode ler na cópia do original, abaixo: « ...toda a campina de S.Silvestre é povoada de casais, vinhas, pomares e terras de pão. E contra toda a diligência humana cada dia se descobre quantidade de telhões, pórticos e colunas que o tempo lança fora da terra. E no Carvalhal está uma fonte cuja água ia ter à Beselga por canos de chumbo, os quais apareceram há poucos anos junto à estrada que vai para a igreja, de que tiraram algum proveito seus pobres moradores.»
Sensivelmente 300 anos mais tarde o jornal "O Século" publica a seguinte notícia:
Jornal "O Século" 28.07.1959 |
Nos três séculos que mediaram entre as duas noticias, e antes, muito antes, percebe-se o proveito que estes e outros "tesouros" (leia-se o resto da transcrição do "Agiólogo") trouxeram aos "pobres moradores", as moedas minorariam a fome, os telhões, pórticos e colunas ajudariam no reforço das paredes e muros de casas e fazendas e até a guarnecer o leito alteroso da ribeira. Mas após 1959 o que foi feito? (MFM)
....
in Padre Jorge Cardoso, Agiólogo Lusitano dos Santos e Varões Ilustres em Virtude do Reino de Portugal e suas Conquistas, 1652-1666, edição facsimilada da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, com estudo e índices de Maria de Lurdes Correia Tavares, Porto 2002.
16 de janeiro de 2020
Janeiro
Eu sou o Janeiro
Que espalho o meu grão
E peço a Deus
Boa Conjunção
«Do Natal ao fim de Janeiro
Crescem os dias um salto de carneiro.»
«Si hortum in biblioteca habes, deerit nihil»
12 de janeiro de 2020
Os Meses do Ano
Fonte: "Cantares de Todo o Ano"(selecção de cantigas populares portuguesas), 2.ª edição, Colecção Educativa, Série F, número 6, Ministério da Educação Nacional, Direcção Geral do Ensino Primário, 1971.
«Si hortum in biblioteca habes, deerit nihil»
6 de janeiro de 2020
Saco Trazemos
Janeira pedimos,
Saco trazemos;
Deem-no-lo cá,
Que nós nos iremos.
Saco trazemos,
Saco levamos;
Venham-no-lo dar,
Que nós já nos vamos.
Si hortum in biblioteca habes deerit nihil
Fonte: "Cantares de Todo o Ano"(selecção de cantigas populares portuguesas), 2.ª edição, Colecção Educativa, Série F, número 6, Ministério da Educação Nacional, Direcção Geral do Ensino Primário, 1971.
3 de janeiro de 2020
Vigiando as Libras e os Dobrões
Excerto de " Coisas e Loisas de Tomar", pag.9, do Coronel Vasco da Costa Salema. |
A nova "casa conventual", pouco depois de pronta. |
A «Casa Conventual» com o J entrelaçado com o E de Emília. |
Si hortum in biblioteca habes, deerit nihil.
31 de dezembro de 2019
A Vida do Espírito e os Pés de Barro
O Dr. Vieira Guimarães
Já falámos neste blog do Dr Vieira Guimarães a propósito do Aniversário do Passamento de Gualdim Pais , de que foi grande impulsionador, da recepção apoteótica na nossa estação e em Tomar, por ocasião da sua formatura e também aqui .
Vieira Guimarães, é actualmente conhecido pela casa que leva o seu nome, na Corredoura (cuja história abordámos em anterior post), e por a sua obra histórica sobre Tomar, que começa agora a ser divulgada pelas novas gerações. Mas nem sempre foi assim, se, a fazer fé na leitura da imprensa da época, parece ter sido idolatrado pelos seus contemporâneos, não me consta que o mesmo tenha sucedido nas gerações imediatamente seguintes. No inicio dos anos setenta não era popularmente reconhecido em Tomar, não me recordo que fosse lembrado com saudade por aqueles que o tinham conhecido e que escreviam habitualmente na imprensa (as redes sociais do meu tempo), ao contrário do que sucedia, por exemplo, com o "Dr. Sousa", o qual teve mesmo a sua obra reeditada nos anos oitenta, o que nunca aconteceu, que eu saiba, com as de Vieira Guimarães.
Talvez a diferença de tratamento, pelas gerações seguintes, destes dois tomarenses contemporâneos resida, precisamente, na diferença entre os dois, enquanto João Maria de Sousa, falando de história (não ei se será um historiador), fá-lo com alguma objectividade e sentido critico, embore arrase os cavaleiros de Cristo vendo apenas neles seculares exploradores e opressores do povo, toda a história de Vieira Guimarães é panegirica, o seu estilo encomiástico exalta os cavaleiros, puros e sem mácula, exalta Costa Cabral, estadista exemplar e incompreendido, enfim, ele só conhece heróis e vilões, e as gerações recuadas, de que eu ainda faço parte, impregnadas consciente, ou inconscientemente, pelo materialimo dialético, para além de não se reverem nem no estilo nem na metodologia (mesmo na ideologia, no caso de alguns, uma dezena de anos mais novo e V.G. não escaparia de levar com o epíteto de fascista em cima de si) tinham pouca paciência para encontrar, entre tantos elogios, louvores, angústias patrióticas, muita gente angélica e outra tanta digna de subir ao altar, algum valor de carácter histórico nas obras de Vieira Guimarães.
E atenção, eu era dos poucos jovens da minha idade que sabia da existência de um senhor chamado Vieira Guimarães, sabia-o através da minha avó, ela conhecera-o, contava que era professor no Liceu Camões e lembrava-se, com saudade, da insistência, mal sucedida, que aquele fizera junto do seu pai para que a deixasse ir para Lisboa continuar os estudos.
Uma prova, penso eu, da indiferença a que este historiador da Ordem de Cristo esteve votado, foi a proposta de demolição da sua casa, de que já falei aqui, quem a teria ou não construído ou lá teria vivido, não era coisa relevante para a decisão dos poderes, e até para os intelectuais, da época (aquilo não tinha qualquer valor arquitetónico, diziam!se calhar com razão), e a contestação que se opôs àquela intenção, na qual me incluí apesar da minha pouca idade, residiu apenas em querer preservar o que conheciamos, aquilo que fazia parte da "memória colectiva" (detesto esta terminologia mas reconheço que aqui faz sentido) de gerações que não tinham conhecido outra coisa, que tinham crescido a vê-la ali, com a sua torre erguida à nossa espera quando saíamos da ponte, e não queriamos perdê-la, porque nada conforta mais do que aquilo que sempre conhecemos, diga-se o que se disser. Se Vieira Guimarães veio à baila naquele processo, e não sei se veio, teria sido por mero caso. E a casa manteve-se!
(Um parêntisis: coisa semelhante aconteceu e penso que ainda acontece com a remoção da estátua de Gualdim Pais, da Praça - ela está lá há pouquissimo tempo em termos históricos, faria mais sentido estar noutro local, talvez, mas quem vive nunca conheceu outra realidade - e isso tem muita força, afinal o tempo que vivemos é o tempo dos presentes não o dos do passado nem o dos do futuro, independentemente do egoísmo que isso possa representar, esta é a realidade. )
Mas, esquecido ou reaparecido, com pouco ou muito valor, Vieira Guimarães foi, inquestionavelmente, um homem que amou a sua terra, sobre ela escreveu .….cidade, onde eu nasci e a que tantas recordações saudosas tão extremamente me ligam, d’este belo torrão em que brinquei com meus irmãos e ouvi dos lábios santos d’uma mãe extremosa as preces a um deus de Fé e os conselhos inolvidáveis de honra e de trabalho, que tem sido sempre a minha norma de vida.
Vieira Guimarães, é actualmente conhecido pela casa que leva o seu nome, na Corredoura (cuja história abordámos em anterior post), e por a sua obra histórica sobre Tomar, que começa agora a ser divulgada pelas novas gerações. Mas nem sempre foi assim, se, a fazer fé na leitura da imprensa da época, parece ter sido idolatrado pelos seus contemporâneos, não me consta que o mesmo tenha sucedido nas gerações imediatamente seguintes. No inicio dos anos setenta não era popularmente reconhecido em Tomar, não me recordo que fosse lembrado com saudade por aqueles que o tinham conhecido e que escreviam habitualmente na imprensa (as redes sociais do meu tempo), ao contrário do que sucedia, por exemplo, com o "Dr. Sousa", o qual teve mesmo a sua obra reeditada nos anos oitenta, o que nunca aconteceu, que eu saiba, com as de Vieira Guimarães.
Talvez a diferença de tratamento, pelas gerações seguintes, destes dois tomarenses contemporâneos resida, precisamente, na diferença entre os dois, enquanto João Maria de Sousa, falando de história (não ei se será um historiador), fá-lo com alguma objectividade e sentido critico, embore arrase os cavaleiros de Cristo vendo apenas neles seculares exploradores e opressores do povo, toda a história de Vieira Guimarães é panegirica, o seu estilo encomiástico exalta os cavaleiros, puros e sem mácula, exalta Costa Cabral, estadista exemplar e incompreendido, enfim, ele só conhece heróis e vilões, e as gerações recuadas, de que eu ainda faço parte, impregnadas consciente, ou inconscientemente, pelo materialimo dialético, para além de não se reverem nem no estilo nem na metodologia (mesmo na ideologia, no caso de alguns, uma dezena de anos mais novo e V.G. não escaparia de levar com o epíteto de fascista em cima de si) tinham pouca paciência para encontrar, entre tantos elogios, louvores, angústias patrióticas, muita gente angélica e outra tanta digna de subir ao altar, algum valor de carácter histórico nas obras de Vieira Guimarães.
E atenção, eu era dos poucos jovens da minha idade que sabia da existência de um senhor chamado Vieira Guimarães, sabia-o através da minha avó, ela conhecera-o, contava que era professor no Liceu Camões e lembrava-se, com saudade, da insistência, mal sucedida, que aquele fizera junto do seu pai para que a deixasse ir para Lisboa continuar os estudos.
Uma prova, penso eu, da indiferença a que este historiador da Ordem de Cristo esteve votado, foi a proposta de demolição da sua casa, de que já falei aqui, quem a teria ou não construído ou lá teria vivido, não era coisa relevante para a decisão dos poderes, e até para os intelectuais, da época (aquilo não tinha qualquer valor arquitetónico, diziam!se calhar com razão), e a contestação que se opôs àquela intenção, na qual me incluí apesar da minha pouca idade, residiu apenas em querer preservar o que conheciamos, aquilo que fazia parte da "memória colectiva" (detesto esta terminologia mas reconheço que aqui faz sentido) de gerações que não tinham conhecido outra coisa, que tinham crescido a vê-la ali, com a sua torre erguida à nossa espera quando saíamos da ponte, e não queriamos perdê-la, porque nada conforta mais do que aquilo que sempre conhecemos, diga-se o que se disser. Se Vieira Guimarães veio à baila naquele processo, e não sei se veio, teria sido por mero caso. E a casa manteve-se!
(Um parêntisis: coisa semelhante aconteceu e penso que ainda acontece com a remoção da estátua de Gualdim Pais, da Praça - ela está lá há pouquissimo tempo em termos históricos, faria mais sentido estar noutro local, talvez, mas quem vive nunca conheceu outra realidade - e isso tem muita força, afinal o tempo que vivemos é o tempo dos presentes não o dos do passado nem o dos do futuro, independentemente do egoísmo que isso possa representar, esta é a realidade. )
Mas, esquecido ou reaparecido, com pouco ou muito valor, Vieira Guimarães foi, inquestionavelmente, um homem que amou a sua terra, sobre ela escreveu .….cidade, onde eu nasci e a que tantas recordações saudosas tão extremamente me ligam, d’este belo torrão em que brinquei com meus irmãos e ouvi dos lábios santos d’uma mãe extremosa as preces a um deus de Fé e os conselhos inolvidáveis de honra e de trabalho, que tem sido sempre a minha norma de vida.
Como me recordo d’essa terra em que tudo para mim encerra uma
saudade, e oculta na amenidade de seus prados, na beleza de seus vales, nas
sombras de seus pinheirais, no pitoresco do seu Nabão e na grandiosa majestade
de seus monumentos, uma lembrança, quase uma parcela do meu eu!! Como eu
quereria viver ali longos anos, na convivência intima dos meus, no lar onde
crepita o fogo que primeiro me aqueceu, sob esse belo azul, onde refulge um sol
benéfico e vivificante, e depois… morrer, descansando, enquanto as leis da física
e da química me não transformem de todo, n’esse santo campo do Adro, dormindo
no seu seio o ultimo sono! (1)
Voltando ao seu tempo, era então uma figura muito conhecida, senão a nível nacional, pelo menos lisboeta; sendo mesmo, ao que parece, merecedor que a sua casa fosse exibida nas revistas do jet set de então.
Voltando ao seu tempo, era então uma figura muito conhecida, senão a nível nacional, pelo menos lisboeta; sendo mesmo, ao que parece, merecedor que a sua casa fosse exibida nas revistas do jet set de então.
A revista Ilustração Portuguesa publica em 30 de Julho de 1921 uma reportagem em que descreve, no estilo pomposo da época, a casa de Vieira Guimarães situada na quinta que detinha à beira do Nabão. Aquela publicação, refere-se-lhe como sendo a casa "de um artista é também a casa destinada ao viver de um lavrador entregue à labuta dos campos, que sabe conciliar a vida material com a vida do espírito, a vida da alma com a existência do corpo", descrevendo o exterior como de estilisação portuguesa, com o seu elegante alpendre ao topo, cujo telhado tem por zingamocho uma esbelta esfera armilar em ferro; as janelas vão desde os simples quatro pedaços de cantaria, às vergas recortadas e ombreires esculpidas de D.Manoel I e D. João III e ás de balanço molduradas dos séculos XVII e XVIII; os ventiladores são formados pela cruz dos templarios e o rodapé por azulejos com a mesma cruz.
« A casa do sr. Dr. Vieira Guimarães fica situada junto ao rio Nabão, n'uma quinta em que a opulência dos olivais rivaliza com a das magnificas árvores de deliciosa fruta...» |
Quanto ao interior, era, segundo quem escrevia, "o verdadeiro museu do espirito de Tomar, são evidentes os traços portugueses nas mesas, cadeiras, camas e nos guarda-loiças de vidros de catedral dos séculos XIII e XVIII. São inumeras as cerâmicas portuguêsas antigas que a paciência do seu possuidor tem coleccionado, assim como muito grande é a colecção de cerâmica moderna onde há talhas originais e curiosos vasos das olarias de Tomar. E dá destaque às paredes que têm aqui e acolá grandes pratos da olaria Roseira com os retratos de D.Guladim Pais, D.Gil Martins, D.Dinis, D.Henrique (por ligados às ordens templárias e de Cristo) e com as vistas de Tomar e da celebérrima fachada poente da igreja manoelina do Convento de Crista. Também em uma das paredes se vê um "panneau" com o monograma do dr. Vieira da Silva, assente na cruz de Cristo, indicativa da sua comenda ...
Neste aspecto, portanto, o artigo não nos trás nada de novo; que se encontrem cantarias esculpidas à moda neomanuelina nas fachadas, e cruzes templárias e de Cristo espalhadas pela casa, nada mais natural atendendo ao seu proprietário.
O que, para a mim, emerge de novo nesta leitura, é a personalidade do nosso homem. Aconteceu-me aqui o que, há muito, me acontece quando vejo as deslumbrantes mansões de estrelas de várias galácticas, da TV ao futebol, passando pelas das boas famílias, espelhadas nas nossas Holla! de trazer por casa e na propriamente dita. O que leva aquela gente a mostrar a casa em que vive, a casa da sua família, onde têm as suas coisas, onde se desenrola a sua vida íntima? O que raio é que os outros têm a ver com as nossas vidas? Parece que têm, se for para lhes mostrarmos aquilo que possuimos a mais que eles, o que nos destingue e nos deslumbra, o que pensamos os vai ofuscar, a nossa superior aparência, em suma, a nossa vaidade, que aqui, no caso do nosso personagem, até vai envolta num "panneau" com o monograma da sua comenda!
Fiquei portanto a saber que Vieira Guimarães teria prazer em exibir-se, a si e às suas coisas, e daí inferi (porque sou mázinha ou porque conheço um bocadinho a natureza humana?) que não seria propriamente um homem recatado e modesto, o que, juntamente com outros deficits de virtudes de que gozaria (segundo outras fontes que consultei e junto em anexo -uma delas agora, outra noutro post um dia destes), o mostram como detentor de uma nobreza de carácter digamos... pouco exemplar. Situação que, adianto desde já, não tira nem põe à qualidade da sua obra nem à contribuição que deu para a promoção de Tomar- importa, sempre, destinguir o autor do homem que o suporta.
Continuando e voltando aos pratos de loiça nas paredes, às colecções de cerâmicas antiga e moderna, às esferas armilares, às cantarias, enfim, ao museu "do espírito de Tomar" que plasma a "vida do espírito" deste homem, aquela não pode ter deixado de ser, muito prosaicamente, alimentada pela "vida material" proveniente dos seus rendimentos, que viriam, pelo menos parcialmente, dos seus "opulentos" olivais. E, a ser como Fernando Ferreira nos conta abaixo, façamos uma "continha" simples só para exemplo: o preço do belo prato com a efígie do fundador Gualdim Pais elegantemente pendurado na parede da casa de jantar, terá correspondido a quantas sardinhas, batatas, feijão e couves a menos por boca do pessoal da apanha?
O que, para a mim, emerge de novo nesta leitura, é a personalidade do nosso homem. Aconteceu-me aqui o que, há muito, me acontece quando vejo as deslumbrantes mansões de estrelas de várias galácticas, da TV ao futebol, passando pelas das boas famílias, espelhadas nas nossas Holla! de trazer por casa e na propriamente dita. O que leva aquela gente a mostrar a casa em que vive, a casa da sua família, onde têm as suas coisas, onde se desenrola a sua vida íntima? O que raio é que os outros têm a ver com as nossas vidas? Parece que têm, se for para lhes mostrarmos aquilo que possuimos a mais que eles, o que nos destingue e nos deslumbra, o que pensamos os vai ofuscar, a nossa superior aparência, em suma, a nossa vaidade, que aqui, no caso do nosso personagem, até vai envolta num "panneau" com o monograma da sua comenda!
Fiquei portanto a saber que Vieira Guimarães teria prazer em exibir-se, a si e às suas coisas, e daí inferi (porque sou mázinha ou porque conheço um bocadinho a natureza humana?) que não seria propriamente um homem recatado e modesto, o que, juntamente com outros deficits de virtudes de que gozaria (segundo outras fontes que consultei e junto em anexo -uma delas agora, outra noutro post um dia destes), o mostram como detentor de uma nobreza de carácter digamos... pouco exemplar. Situação que, adianto desde já, não tira nem põe à qualidade da sua obra nem à contribuição que deu para a promoção de Tomar- importa, sempre, destinguir o autor do homem que o suporta.
Continuando e voltando aos pratos de loiça nas paredes, às colecções de cerâmicas antiga e moderna, às esferas armilares, às cantarias, enfim, ao museu "do espírito de Tomar" que plasma a "vida do espírito" deste homem, aquela não pode ter deixado de ser, muito prosaicamente, alimentada pela "vida material" proveniente dos seus rendimentos, que viriam, pelo menos parcialmente, dos seus "opulentos" olivais. E, a ser como Fernando Ferreira nos conta abaixo, façamos uma "continha" simples só para exemplo: o preço do belo prato com a efígie do fundador Gualdim Pais elegantemente pendurado na parede da casa de jantar, terá correspondido a quantas sardinhas, batatas, feijão e couves a menos por boca do pessoal da apanha?
E, para terminar, uma última consideração, a riquesa dos azeites de Tomar que empurrou caravelas pelo mundo fora, foi sempre riquesa amaldiçoada para os pobres. Desde os Frades, que a monopolizaram, até àqueles que os estudaram e enlevaram, confessos amantes da liberdade, como Vieira Guimarães, sempre aquela riquesa foi produzida à custa da servidão e da miséria. (MFM)
(1) in preâmbulo, pags.10 e 11, do Catálogo da Exposição Concelhia Industrial e Agrícola, da sua autoria. Exposição levada a efeito por ocasião do sétimo centenário da morte de Gualdim Pais-1895.
Fotografias retiradas de Ilustração Portuguesa
«Si hortum in biblioteca habes, deerit nihil»
29 de dezembro de 2019
Menos Feio que o Pai!
Há cem anos, a Ilustração Portuguesa agoirava desta forma o novo ano de 1920 que se aproximava. Fazendo as devidas adaptações no saco das desgraças, seria caso para ...mas não, não vamos fazer o mesmo, antes vamos esperar, mas temos que esperar com muita força, que o nosso Ano Novo de 2020 seja um bocadinho menos feio do que o pai 2019!
«Si hortum in biblioteca habes, deerit nihil»
26 de dezembro de 2019
Da "Estalagem do Com Ovos" a " A Primorosa"
João de Deus (1830-1896) grande poeta lirico e pedadogo, autor da Cartilha Maternal, estudou em Coimbra, primeiro no Seminário e depois na Universidade, onde se formou em Direito em 1859.
O Coronel Vasco da Costa Salema no seu livrinho "Coisas e Loisas de Tomar", conta que aquele poeta, uma vez vindo de Coimbra de férias, com destino à sua terra natal, S. Bartolomeu de Messines, passando por Tomar, ao sair da ponte "vê a tabuleta de uma hospedaria, existente à época numa casa já hoje desaparecida e que ficava à entrada da Corredora, do lado norte, e mesmo em frente da dita ponte. Escarranchado na mula do almocreve, João de Deus atenta na tabuleta, «Estalagem do Com Ovos», e maliciosamente lê para os companheiros «Estalagem do Comovos", logo acrescentando: Nesta não fico eu."
Essa casa, já desaparecida, foi sofrendo alterações, bem como o edificado à sua volta, até aos dias de hoje. Pelo meio, o edificio que a substituiu em 1922, também sofreu a degradação do tempo, com menos de cinquenta anos de vida já estava condenado à morte, conseguindo, porém, sobreviver e ser hoje quase um dos ícones da cidade - denominado Casa Vieira Guimarães. Nele funcionou, no piso térreo, durante décadas, um café - A Primorosa, o qual, à semelhança do sucedido com a sua antecessora "Com Ovos" também já se vai perdendo na memória tomarense.(MFM)
Essa casa, já desaparecida, foi sofrendo alterações, bem como o edificado à sua volta, até aos dias de hoje. Pelo meio, o edificio que a substituiu em 1922, também sofreu a degradação do tempo, com menos de cinquenta anos de vida já estava condenado à morte, conseguindo, porém, sobreviver e ser hoje quase um dos ícones da cidade - denominado Casa Vieira Guimarães. Nele funcionou, no piso térreo, durante décadas, um café - A Primorosa, o qual, à semelhança do sucedido com a sua antecessora "Com Ovos" também já se vai perdendo na memória tomarense.(MFM)
"...A tabuleta de uma hospedaria, existente à época numa casa já hoje desaparecida e que ficava à entrada da Corredora, do lado norte, e mesmo em frente da dita ponte." |
Repare-se no anúncio a "Auto Gazo Mobiloil" apesar de toda a gente andar a pé ou de burro. |
A "nossa" casa já não tem lá muito bom aspecto. |
|
Nota: Cerca de cem anos mediarão entre a primeira e a última fotografia.
Abril de 1952 |
1955 |
Fotografias retiradas de diversos locais não identificados na net e em Memória Digital de Tomar, nesta última também os quatro recortes da imprensa. A última publicação foi retirado da página de facebook de "Gabinete de Curiosidades de Tomar".
21 de dezembro de 2019
BOM NATAL
A todos os que tiveram a atenção de nos acompanhar durante esta ano, desejamos, como sempre
Boas Festas!
Alegrem-se céus e terra
Cantemos com alegria
Já nasceu o Deus Menino
Filho da Virgem Maria*
«Até fim do Natal
Crescem os dias um saltinho de pardal»*
*Fonte: "Cantares de Todo o Ano"(selecção de cantigas populares portuguesas), 2.ª edição, Colecção Educativa, Série F, número 6, Ministério da Educação Nacional, Direcção Geral do Ensino Primário, 1971.)
17 de dezembro de 2019
A Gente Fina Tomarense do Final de XIX
O Serão, Columbano Bordalo Pinheiro c.1880 |
As duas últimas publicações, na companhia de Virginia de Castro e Almeida, transportaram-nos ao fim de século XIX. Aproveitando a maré, lembrei-me, recorrendo ainda ao resto das cartas da nossa amiga, de procurar, na imprensa e em fotos, mostras da forma como a burguesia de Tomar passava o seu tempo de lazer (ou seria o seu tempo?). De dia faziam-se pic-nics, passeava-se de barco no rio. À noite davam-se festas, saraus musicais, nos quais se tocava piano, bandolina e cantava, como já vimos acontecer em casa das senhoras Mouzinho, jogava-se, ria-se conversava-se ao luar. Ia-se a bailes, ao teatro, organizavam-se récitas para financiar obras de caridade, às quais se tinha de assistir....Enfim, para alguns era uma estopada e um calor!
Pela imprensa temos notícia de um exemplo, o"esplêndido baile" realizado no Grémio de Ensino e Recreio Tomarense, que durou até às cinco da manhã, onde "muitas e formosas damas" formaram "pares alegres e gentis, cheios de vida e de alegria" com a "flor da mocidade máscula" local, dançando quadrilhas, lanceiros, valsas e polcas, enquanto trocavam " bastos e agradáveis tiroteios de amabilidades e ditos espirituosos". Entretanto, seriam servidos bons e delicados serviços de chá e doces, mais tarde sandwiches e vinho do porto, e depois doces e o dito Portwine e, por fim chocolate e [adivinhem!] doces (outra vez!, oh belos tempos sem preocupações saudáveis!). Mas nem tudo era comportadinho, havia também lugar a exibições mais ou menos brejeiras, como a do sr. Dr. João do Valle (que já conhecemos das relações na nossa heroína) que apareceu vestido de "donzela um tanto durázia, de modos delambidos" e declamou um "monólogo bem apimentado, dito com todo o chiste " que arrancou muitas gargalhadas e muitas palmas "aos presentes.(MFM)
....Numa ilha que temos no meio do Nabão. (Cipriano Martins ) |
«Na quinta-feira fizemos um pic nic com as tomares numa ilha que temos no meio do Nabão, perto do Moinho Novo. Depois do Jantar entre os choupos, que esteve animadíssimo, fomos dar um belíssimo passaio de barco pelo rio.
.......Depois do Jantar entre os choupos, que esteve animadissimo.....(1) |
.......fomos dar um belíssimo passaio de barco pelo rio |
Estava uma tarde encantadora. Depois viemos todos para a quinta onde passámos o resto do tempo até à meia noite, na varanda, ao luar, a jogarmos jogos, a rir e a conversar.»
.........................................................................................................................................................
Serenata Thomarense |
«Hoje vamos ao teatro
a Tomar. Récita de amadores em beneficio do asilo de crianças cegas em que te
tenho falado.
Entra o João do
Valle e a menina Petrony e não sei quem mais; e um homenzinho muito janota, o Vizeu
Pinheiro, que é escrivão e recita uma poesia que inventou de propósito. O teatro esta enfeitado com flores e leques e parece que as meninas Tomarzinhas vão decotadas e de manga curta etc. ... Imagina a estopada e o calor! Eu mandei pedir
ao João do Valle que nos arranjasse um camarote com o dos Charruadas. Se ao
menos assim for não é mau de todo ...»
Nota: As tomares ou meninas tomarzinhas referem-se às filhas do conde de Tomar.
Nota: As tomares ou meninas tomarzinhas referem-se às filhas do conde de Tomar.
.................................................................................................................................................
Fevereiro 1896 |
"Excursão do Grupo Dramático de Silva Magalhães a Cernache".Este grupo, que adivinho republicano, também actuaria
nas récitas, destinadas a obras de caridade, para a assistência acima? |
Fontes:
(1) Imagem do quadro "Hip Hip Hurrah, 1888", de Peter Severin Kroyer (1851-1909).
- Fotografias Fundo Silva Magalhães.
- Recorte da imprenda de Memória Digital de Tomar.
13 de dezembro de 2019
Virginia de Castro e Almeida, o Nabão e a Ribeira da Beselga
Continuação das cartas de Virginia de Castro e Almeida, desta feita com a acção a passar-se em localidades junto à quinta, Santa Cita, Asseiceira, e, sobretudo, nas margens do Nabão. E, como estamos em Porto da Lage, vemos, com agrado, que a nossa ribeira da Beselga também foi imortalizda pela pena desta escritora (MFM).
.....e ali, naquele cantinho de terra à beira do rio, podíamos bem julgar-nos as únicas criaturas vivas no mundo inteiro....(1) |
...Ontem meti-me no meu carro com a Cristina e abalei, para Santa Cita.Levava uma saqueta de bolos para os meus fregueses que os comeram todos que foi um regalo.
Antigo convento e igreja de Santa Cita, existenes à época |
E de Santa Cita fui
ao Moinho Novo onde ambas nos apeámos atravessando o Rio sobre uma ponte
carunchosa e embrenhando-nos depois no choupal que se estende pela margem fora.
Andámos, andámos até chegar a um ponto onde o Nabão é cortado por um grande açude
de pedra e cal, já antigo, de muitos e muitos anos e sentámo-nos ali no chão
muito caladas.
Porque o silencio e sossego à roda de nós era absoluto, e ali, naquele cantinho de terra à beira do rio, podíamos bem julgar-nos as únicas criaturas vivas no mundo inteiro. Por diante de nós o rio estendia-se tão sereno que parecia nem ter corrente e perdia-se lá muito longe, entre as suas margens verdes riquíssimas, que àquela hora o cobriam de sombra.
......até chegar a um ponto onde o Nabão é cortado por um grande açude (5) |
Porque o silencio e sossego à roda de nós era absoluto, e ali, naquele cantinho de terra à beira do rio, podíamos bem julgar-nos as únicas criaturas vivas no mundo inteiro. Por diante de nós o rio estendia-se tão sereno que parecia nem ter corrente e perdia-se lá muito longe, entre as suas margens verdes riquíssimas, que àquela hora o cobriam de sombra.
.......diante de nós o rio estendia-se tão sereno que parecia nem ter corrente e perdia-se.... |
E os choupos
levantavam-se orgulhosamente, e o sol quase escondido, doirava-lhes ainda os
ramos mais altos enquanto os chorões tristíssimos mergulhavam desalentados os
seus braços no Rio. Perto das margens saíam da água juncos e outras plantas de folhas
largas, muito verdes, onde uns tiraolhos pequenitos e azuis gostavam de poisar. Por trás de nós estava um choupo onde há 3
anos, de uma vez que ali fizemos um picnic, o Bartolomeu escreveu o meu nome.
Em três anos o choupo e o meu nome está lá muito alto e tão marcado que a mais
do 6 metros se pode ler. Desde esse dia eu nunca mais ali tinha tornado. Três
anos! Estive para riscar aquelas letras, depois, deixei ficar! Mas a este tempo
o sol escondera-se de todo e a tristeza serena da paisagem que uma roda aumentava
gemendo lamentavelmente a meio quilómetro talvez, a baixo no rio, ia pouco a
pouco, descendo em mim.
A Cristina estava
entregue aos seus pensamentos e não falava. E eu, por um momento, entreguei-me
também aos meus que não me largavam.
.....e a tristeza serena da paisagem que uma roda aumentava gemendo lamentavelmente a meio quilómetro talvez ..... (6)
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Fomos, eu e a
Cristina dar um passeio lindo. Fomos a Santa Cita e depois pela estrada de Tomar,
até Marianaia, onde nos apeámos. Atravessamos a pé a ponte sobre o Nabão e por
tal maneira nos encantou a serenidade das suas margens lindas e a poesia dos
seus juncos nascendo à sombra dos
A Fábrica de papel de Marianaia na época da autora |
tristes chorões e a roda da fábrica e o barco amarrado no fim de uma vereda misteriosa, tanto e por tal maneira nos encantou tudo isso que, esquecidas do tempo, nos deixámos ficar um grande bocado encostadas ao parapeito da ponte sem falar a ver no fundo do rio a areia muito clara e os seixos polidos da água e as sombras cada vez maiores que o pôr do sol dava à paisagem. Senti-me tão bem, tão descansada, tão feliz! Uma paz absoluta e profunda. Como se respirava ali bem a felicidade serena que, no fim de contas, é a melhor, e a maior de todas….
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Está hoje um dia
lindo, o céu azul e o sol tão brilhante. Já quase ao sol posto apareceu-me cá a
Luiza Quintela e o irmão. Saí com eles no carro. Daqui à Asseiceira pelo
pinhal. Íamos a descer a azinhaga quando vimos passar em baixo na estrada, como
um raio, o tibury do Frank Quintela e
com ele um tenente Pessoa de Tomar. Chegando ao fim da azinhaga toquei o Ali e
durante uns 5 minutos voamos positivamente.
...A tarde estava encantadora.(2) |
Alcançámos o tibury e fomos um pedacito a par pela estrada fora a meio trote, de conversa. A tarde estava encantadora.
Era já muito depois do sol posto e fomos encontrando muitos rebanhos que recolhiam e grupos de gente do serviço que voltava a suas casas. Uma rapariga ia a cantar! e que bem se respirava!
... fomos encontrando muitos rebanhos que recolhiam e grupos de gente do serviço que voltava a suas casas.(3) |
Depois segui pela estrada até Santa Cita e o Frank voltou para a Quinta do Valle. Ainda andámos um pedaço no pinhal a passo; era já escurito e os pinheiros tinham um aspecto todo solene! Afinal fui deixar os meus companheiros no pateo de sua casa e voltei para a Quinta a toda a pressa por já ser noite.
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Esta manhã fui à horta dar um passeio. À ida para baixo comemos amoras apanhadas "a dente" da própria árvore. Não imaginas como sabem bem assim.
Fica a gente com os beiços ensanguentados e a cara marcada como se se tivesse morto alguém à dentada ... Eu gosto muito de ir à horta num dia de calor. As ruas muito sombrias cobertas com arvores de frutas, os encaniçados de feijões em flor, as latadas de aboboras e até as melancias à torreira do sol têm um aspecto fresco.
Eu gosto muito de ir à horta num dia de calor....(4) |
Sente-se correr a água das biqueiras para os tanques das regas e as regueiras cheias de água muito clara correndo entre as bordas batidas da enxada fazem sede. Depois o Luís e a Rosa foram apanhar morangos e trouxeram-nos numa folha de couve que puseram num instante dentro de agua. Por isso vinham entre os morangos gotinhas que pareciam de orvalho e que eram como brilhantes. E os morangos souberam-nos pela vida ..
E fomos até à ribeira [da Beselga] dar banho ao Tritão [cão] e sentámo-nos a sombra de uma azinheira ao pé do açude a escutar os gemidos e as lamentações do engenho. Estava tao bom! Para baixo do açude andam os patos num cerrado que se lhes armou com mato. E a ribeira ali leva a agua tão clara que se lhe podem contar os seixos do fundo e é toda assombreada pelos choupos e freixos que lhe crescem pelas margens.
Fontes:-Imagens de pinturas de Maria de Lurdes de Mello e Castro (1e2), Silva Lopes (3) e Malhoa (4);
-Imagens do livro Coisas Simples da Terra Tomarense O Rio, os Açudes e as Rodas, Fernando Ferreira, edição da junta Distrital de Santarém, 1976-5 e 6;
- Imagem do livro Tomar, pag.123, José - Augusto França, Editorial Presença, Lda, Lisboa, 1994.-7
-Outras - Fotos do blog e retiradas da net, sem identificação.
E fomos até à ribeira [da Beselga] dar banho ao Tritão [cão] e sentámo-nos a sombra de uma azinheira ao pé do açude a escutar os gemidos e as lamentações do engenho. Estava tao bom! Para baixo do açude andam os patos num cerrado que se lhes armou com mato. E a ribeira ali leva a agua tão clara que se lhe podem contar os seixos do fundo e é toda assombreada pelos choupos e freixos que lhe crescem pelas margens.
e é toda assombreada pelos choupos e freixos que lhe crescem pelas margens |
-Imagens do livro Coisas Simples da Terra Tomarense O Rio, os Açudes e as Rodas, Fernando Ferreira, edição da junta Distrital de Santarém, 1976-5 e 6;
- Imagem do livro Tomar, pag.123, José - Augusto França, Editorial Presença, Lda, Lisboa, 1994.-7
-Outras - Fotos do blog e retiradas da net, sem identificação.
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