Si hortum in biblioteca habes deerit nihil

Si hortum in biblioteca habes deerit nihil
Todos os textos aqui publicados podem ser utilizados desde que se mencione a sua origem.

22 de março de 2012

Dia Mundial da Poesia - Porto da Lage e o seu rio

      Ribeira da Beselga
      O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
      Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
      Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.
      O Tejo tem grandes navios
      E navega nele ainda,
      Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
      A memória das naus.
      O Tejo desce de Espanha
      E o Tejo entra no mar em Portugal.
      Toda a gente sabe isso.
      Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
      E para onde ele vai
      E donde ele vem.
      E por isso porque pertence a menos gente,
      É mais livre e maior o rio da minha aldeia.
      Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
      Para além do Tejo há a América
      E a fortuna daqueles que a encontram.
      Ninguém nunca pensou no que há para além
      Do rio da minha aldeia.
      O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
      Quem está ao pé dele está só ao pé dele.
      Alberto Caeiro

    Sem comentários:

    Enviar um comentário