Si hortum in biblioteca habes deerit nihil

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25 de outubro de 2013

Em Porto da Lage Houve Arraial com Quermesse


       

Agosto mês de Augusto e não só. Foi o mês de uma grande festança em Porto da Lage que deu brado.

Oh geração de 50! Imaginem o larguinho em frente ao armazém da CUF.

No centro a quermesse, ícone das festas de arraial, com balcão hexagonal, prateleiras no centro e um varejão de eucalipto no centro onde flutuava o estandarte do Grémio de Porto da Lage.

Para a tornar mais atractiva, era revestida com papel de várias cores e ramos de arbustos verdes nascidos nos matos.
Fora seu construtor o carpinteiro portalegense, bisneto de Manuel Sousa Rosa e membro da comissão de festas.
 Estamos no ano da graça de Jesus Nazareno 1936. Pelo recinto, cordéis estendidos pelas paredes com bandeirinhas de papel de cor. A iluminação, eléctrica, provinda de algumas lâmpadas, vinha do gerador a vapor da fábrica do álcool.
A comissão de festas reunia todos os jovens, rapazes e raparigas da terra, estimulados pelo promovedor do evento e presidente do Grémio de Porto da Lage. As prateleiras da quermesse estavam modestamente fornecidas de objectos oferecidos, resultantes da profícua acção angariante das meninas da comissão, que os sorteavam por rifas vendidas com um sorriso nos lábios, aos forasteiros que se aproximavam; alguma doceira vinda de algures, expunha para venda sobre um pequeno tabuleiro, pirolitos de açúcar em ponto enrolados em papel espetados num palito e bolos de farinha de trigo, com pouco açúcar, condimentados com erva doce e de formatos diversos; num palanquim, sobre a cobertura da levada, alguns elementos da Filarmónica de Paialvo, dava um concerto musical com trechos de autores desconhecidos.
Não constou que festa tenha sido " rija ". Não houve fogo preso fascinante nem corrida de bicicletas "desportivante" nem as celebérrimas fogaças tão apreciadas nestes tempos de tão grandes carências. As netas do casal Sousa Rosa não estiveram dispostas a ceder das suas despensas o que quer que fosse. O pão de trigo, o chouriço magro, o presunto, o vinho, o queijo de ovelha, ovos cozidos e, sobretudo, alguma galinha velha e gorda, corada no forno da cozedura do pão, eram manjares de alto valor e sabor aprazível e lá em casa havia quem as almejasse. Para receitas monetárias que bastassem as das rifas da quermesse. (Ilídio Mota Teixeira)


Bailarico Português, Roque Gameiro