Si hortum in biblioteca habes deerit nihil

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10 de abril de 2012

Manuel de Sousa Rosa o "pai" de Porto da Lage da nossa era.

Manuel de Sousa Rosa nasce em Assentiz em 26 de Novembro de 1827. Descende de gentes que, em meados de quinhentos, já  amanhavam terras e pastoreavam gado no Casal da Pena, Casal da Charruada, Fungalvaz, Beselga, e outras localidades das freguesias de Assentis, Soudos e Santa Eufémia, todas pertencentes ao actual concelho de Torres Novas.

                                         Peter Bruegel, O Velho, casamento camponês, 1568

Quando se casa, em Outubro de 1851 na Igreja de Nossa Senhora da Purificação já não tem pais e não se sabe que tipo de rendimentos aufere e de que vive. Será provavelmente um agricultor remediado que com quatro filhos pequenos, dois rapazes e duas raparigas, decide por volta de 1864 arrendar a Quinta da Belida, em Porto da Lage, pertencente à casa de Vargos. Vinte anos depois a quinta já é sua e, quando morre em 1905 é considerado um abastado proprietário local. Tem mais três filhos e de todos os sete apenas dois não vão viver para Porto da Lage quando casam. Os outros terão uma descendência que irá construir Porto da Lage tal como a conhecemos hoje. Os seus netos, muitos casados entre si, e as suas famílias, constituirão a maioria dos habitantes de Porto da Lage até aos anos sessenta do sec. XX.  Apesar da maioria se ter dispersado pelo país e pelo mundo,  ainda hoje lá vivem alguns dos seus tetranetos.
Eis uma notícia, pouca abonatória à primeira vista (mas quem saberá as razões que terá tido?) sobre Manuel de Sousa Rosa, constante da acta da Câmara Municipal de Tomar de 1 de Julho de 1871: 

" foi presente um requerimento de 6 proprietários da Quinta do Porto da Lage e lugares circunvizinhos, representando que Manuel de Sousa Rosa, da Quinta da Belida , deste Concelho, sendo rendeiro da mencionada quinta, tinha completamente obstruído a estrada pública no sitio de Porto da Lage, junto à ponte que ali se acha reconstruída , tendo desviado a corrente do Ribeiro de Porto Mendo, lançando-o pela estrada pública, e tendo mudado esta para um olival que lhe ficava próximo, ficando de permeio, entre a estrada, a ponte eo mencionado ribeiro, que por este facto impede o transito de pé e cavalgaduras pela dita ponte; acrescendo ainda que a dita estrada está, por este motivo, intransitável, especialmente para o transito de carros, do que tudo resulta  grave prejuízo para os suplicantes, por se lhes dificultar a passagem para as suas propriedades, e também para o público em geral, pois que «aquela estrada é, ainda hoje, muito concorrida». Além disso, tendo-se reconstruído há pouco a ponte que ali existe, fica a mesma ponte inutilizada, em consequência das obras feitas pelo dito Rosa, naquele sitio.
Os suplicantes pediam que Manuel de Sousa Rosa, fosse obrigado a repor tudo no seu antigo estado, ou a fazer as obras necessárias para que o transito público naquele sitio não sofresse prejuízo.
A câmara encarregou o Zelador de ir ao sitio examinar as obras feitas pelo dito Manuel de Sousa Rosa, e informar a Câmara com respeito a este assunto"

A localização da Quinta e o Ribeiro de Porto Mendo ou da Longra
(em Porto da Lage também lhe chamam  ribeiro da Quinta) que vem
desaguar na Ribeira da Beselga em PL, sob a Ponte.







1 comentário:

  1. Muito interessante caro amigo. Moreiras Grandes - Assentiz é a terra dos meus ascendentes pela via de Aurélio de Sousa Vasconcelos, o chefe da estação de Porto da Lage, que nasce a 13.03.1833 que casou com Maria José Mota ambos meus bisavós pela via da avó materna Irene de Sousa Vasconcelos. a Maria José Mota era filha de Maria Rosa mota e António J. Mota meus trisavós. O pai do chefe da estação, meu bisavô João de Sousa Vasconcelos foi um homem famoso entre essas terras, era um «médico»-curandeiro a quem colocaram a alcunha de "o chinês", por ter viajado até à China de onde trouxe os conhecimentos. A História muito antiga de Porto da Lage também se fez com os Sousas, os Rosas e os Motas ambos ligados às minhas raízes. O Dr, Henrique Mota pediu namoro à minha avó, a filha mais velha do chefe da estação de Porto da Laje. Ela não aceito, mas ficou sempre a pensar nisso, não se esqueceu, mas evidentemente casou com o meu avô que apareceu por Tomar com o seu pai, ambos militares com origem no Alentejo. E a tragédia também acompanhou a memória da família, um dia o irmão do "chinês" caíu num caldeirão de azeite a ferver de um lagar dessa histórica terra. Foi uma tragédia enorme. Ninguém o conseguiu salvar.

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