Si hortum in biblioteca habes deerit nihil

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19 de junho de 2012

No entardecer da terra


No entardecer da terra
O sopro do longo Outono                                              
Amareleceu o chão.
Um vago vento erra,
Como um sonho mau num sono,
Na lívida solidão.


Soergue as folhas, e pousa
As folhas, e volve, e revolve,
E esvai-se inda outra vez.
Mas a folha não repousa,
O vento lívido volve
E expira na lividez.




Fotografias de J.Alegria

Eu já não não sou quem era;              
O que eu sonhei, morri-o;
E até do que hoje sou
Amanhã direi, quem dera
Volver a sê-lo!... Mais frio
O vento vago voltou.

Fernando Pessoa, in Poesias





2 comentários:

  1. Um vago vento erra,

    Errare humanum est
    Se até o vento erra.

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  2. Lá em baixo, na fonte, lê-se:
    Esta água foi nascer... (o lema deste blog)
    Desta ermida poderá dizer-se também que
    Estes noivos vieram casar...
    Eu conto: ele foi o primeiro bebé aqui baptizado; andou por muitos mundos mas, de vez em quando, vinha a casa dos avós.
    Anos depois, já casado, decidiu vir aqui, a esta capela de Stº Avô, confirmar o seu casamento com a sua noiva, uma princesa da Escócia.
    Quero crer que o casarão assombrado onde os avós viviam, com quartos fechados e barracões sombrios, tê-lo-à preparado para a magia escocesa. Mas devo ter treslido Walter Scott.

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