Si hortum in biblioteca habes deerit nihil

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1 de agosto de 2012

Realidade


Fomos longe demais, para voltar
Aos antigos canteiros onde há rosas.              
Em nós, o ouvido, quase e, quase, o olhar   
Buscam nas cores vozes misteriosas...

Mas o mistério é flor da juventude.
Não rima com poemas desumanos.
A idade — a nossa idade! — nunca ilude.
Só uma vez é que se tem vinte anos.

Quebrámos todos, todos os espelhos
E o sol que, neles, está hoje posto
Já não reflecte os lábios tão vermelhos
Que nos iluminam, sempre, o rosto.

Realidade? Há uma: apenas esta!
— Somos espectros na cidade em festa.

Pedro Homem de Mello, 1904, 1984

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