Jornal Longe
Que faremos destes jornais, com telegramas, notícias,
anúncios, fotografias, opiniões...?
Caem as folhas secas sobre os longos relatos de guerra:
e o sol empalidece suas letras infinitas.
Que faremos destes jornais, longe do mundo e dos homens?
Este recado de loucura perde o sentido entre a terra e o céu.
De dia, lemos na flor que nasce e na abelha que voa;
de noite, nas grandes estrelas, e no aroma do campo serenado.
Aqui, toda a vizinhança proclama convicta:
“Os jornais servem para fazer embrulhos.”
E é uma das raras vezes em que todos estão de acordo.
Cecília Meireles (1901, 1964) Em Mar Absoluto e outros poemas.
Sem comentários:
Enviar um comentário