Andor de Santa Cita que desfila na procissão do Senhor Jesus das Necessidades |
Segundo nos conta J.M.Sousa (1) pelos anos 155, da era cristã, durante o domínio dos romanos, viviam perto do local onde hoje se situa a povoação de Santa Cita (2), Caio Atílio, cidadão bracarense e Cássia sua mulher. Tinham em sua companhia uma formosa donzela, de nome Cita que se convertera ao Cristianismo. Perseguida por causa das suas crenças religiosas, fugiu para um ermo, lugar onde os seus algozes a descobriram e lhe deram morte afrontosa.
O seu corpo foi insepulto, como era costume fazer-se por desprezo para que as feras ou aves de rapina o viessem devorar. Teriam então vindo os cristãos da Nabância, às ocultas, dar sepultura àquele corpo santificado pelo martírio e abençoado por Deus. Sobre o seu sepulcro erigiram mais tarde uma capela, transformada depois em igreja.
Aqui teria sido erguido um Convento de Frades Franciscanos, não se sabe exactamente em que data (3), embora se conheça a sua confirmação como Convento Franciscano em 1440 pelo Papa Eugénio IV (ver os postes sobre a história do convento neste excelente blog), convento esse que transitou em 1628 para um novo, da mesma Ordem, construído de raiz, nos terrenos da Várzea Grande, em Tomar.
No entanto, em Santa Cita deverá ter continuado um pequeno convento pois o Padre Carvalho da Costa na sua Corografia Portuguesa e Descrição Topográfica do Famoso Reino de Portugal (1706-1712) refere, no Tratado IV Da Comarca de Tomar, Capítulo I, Tomo Terceiro daquela obra, que o Convento de Santa Cita de Religiosos da Ordem de São Francisco está junto ao Rio Nabão, são seus Padroeiros os Senhores do Morgado e Quinta da Beselga, que tomou o nome da dita ribeira, que passa junto dela nesta Freguesia de Santa Maria Madalena. Diz a memória popular que, após a mudança, no velho convento ficaram apenas três frades "para a guarda das relíquias da Santa".
No entanto, em Santa Cita deverá ter continuado um pequeno convento pois o Padre Carvalho da Costa na sua Corografia Portuguesa e Descrição Topográfica do Famoso Reino de Portugal (1706-1712) refere, no Tratado IV Da Comarca de Tomar, Capítulo I, Tomo Terceiro daquela obra, que o Convento de Santa Cita de Religiosos da Ordem de São Francisco está junto ao Rio Nabão, são seus Padroeiros os Senhores do Morgado e Quinta da Beselga, que tomou o nome da dita ribeira, que passa junto dela nesta Freguesia de Santa Maria Madalena. Diz a memória popular que, após a mudança, no velho convento ficaram apenas três frades "para a guarda das relíquias da Santa".
E, em 1834 o convento ainda lá existia pois, na sequência da extinção das ordens Religiosas em Portugal, aquele foi mais um dos encerrados, sendo os seus bens secularizados e incorporados na Fazenda Nacional, à excepção dos vasos sagrados e paramentos que seriam entregues aos ordinários das dioceses (4), conforme o registo que se pode ler no ANTT: A 19 de Julho de 1834, João António da Fonseca, juiz ordinário, o ex-guardião frei José da Conceição Pinto, António Pereira Mendes, escrivão dos Órfãos da Repartição da vila de Tomar, entre outros, procederam à posse e inventariação dos bens do dito Convento do Senhor das Necessidades no Lugar de Santa Cita na Vila da Asseiceira.
À época em que J.M.Sousa escreveu sobre o martírio de Santa Cita já o convento estava em mãos de particulares.
Mas a povoação que nasceu à volta da velha igreja cresceu, manteve até aos nossos dias o nome da Santa e Mártir e continuou com a devoção ao Senhor Jesus das Necessidades, dedicando-lhe uma festa anual. Em 15.06.1926 foi criada uma Confraria com este nome que, ainda hoje, se encarrega da procissão que todos os anos tem lugar em 11 de Setembro.
Nos finais do século XIX era famosa a Feira de Santa Cita (feira do ano, para se distinguir da mensal feira do gado que também aí se realizava), a ponto de suscitar negócios próprios para a ocasião como podemos ver abaixo, com todas as comodidades, incluindo para cavalgaduras, e a preços sem competência. Isto apesar dos eventuais contratempos, das inevitáveis desordens, de anos menos bons e até de grandes epidemias de cólera, em Espanha.
Os transportes, os trens, os chars-à-bancs, eram providenciados, os normais e os extraordinários para que o público em geral ali chegasse prontamente. Porém, com a chegada do comboio passaram a ser mais fáceis as deslocações e por isso também a ida dos tomarenses à "procissão de Santa Cita " se tornou uma obrigatória e agradável rotina de fim de Verão, de que me fizeram (e muito bem, reconheço hoje) tomar parte, a qual, segundo as notícias, continua cheia de vida e para durar. (MFM)
Os transportes, os trens, os chars-à-bancs, eram providenciados, os normais e os extraordinários para que o público em geral ali chegasse prontamente. Porém, com a chegada do comboio passaram a ser mais fáceis as deslocações e por isso também a ida dos tomarenses à "procissão de Santa Cita " se tornou uma obrigatória e agradável rotina de fim de Verão, de que me fizeram (e muito bem, reconheço hoje) tomar parte, a qual, segundo as notícias, continua cheia de vida e para durar. (MFM)
(1) Autor da obra Notícia Descritiva e Histórica da Cidade de Tomar
(2) Localidade próxima de Tomar, situada na freguesia de Asseiceira, é também nome de uma estação de Caminho de Ferro do Ramal de Tomar.
(4) Artigos 2.º e 3.º da Lei da Extinção das Ordens Religiosas, da autoria de Joaquim António de Aguiar, promulgada por D.Pedro IV e publicada em 30.05.1834.(2) Localidade próxima de Tomar, situada na freguesia de Asseiceira, é também nome de uma estação de Caminho de Ferro do Ramal de Tomar.
(3)No sec.XIII é doado aos Franciscanos pela Ordem do Templo, o Casal do Vale Bom para aí fundarem um convento ao lado da igreja.
7.09.1879 |
31.08.1879 |
14.09.1880 |
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