Em Portugal celebrava-se desde tempos imemoriais o dia das "Maias" que teria como origem antigos ritos e cultos agrários destinados a assinalar o final do Inverno e a chegada da Primavera. Em algumas regiões colocavam-se na véspera, à noite, as maias (ramos de giestas amarelas) nos buracos das fechaduras, na parte de fora das portas, penduradas das maçanetas ou puxadores, nas varandas e nos parapeitos das janelas, para o diabo não entrar pois este andava à solta na noite de 30 de Abril para 1 de Maio.
No dia 1 de Maio de 1886, lá longe nos EUA, milhares de trabalhadores de Chicago juntaram-se nas ruas para protestar contra as más condições de trabalho e reivindicarem as 8 horas de trabalho diário, acontecimento de tal maneira fortemente reprimido pelas forças policiais que causou feridos e mortos, os quais ficaram conhecidos como "os Mártires de Chicago". Em 1889 o Congresso Operário Internacional, reunido em Paris, decretou o 1º de Maio como o Dia Internacional dos Trabalhadores.
Ainda mal tinham passado seis anos sobre esta data e já temos noticias que os operários, "os artistas" de Tomar a celebravam convictamente! Passou a ser um dia tradicionalmente festejado pelo operariado e pela pequena burguesia, caixeiros, costureiras, empregados do comércio que, fosse por convicção associativa ou por resquícios das velhas celebrações das maias, partiam para os campos durante a tarde a fazerem os seus pic-nics, à noite para o comício e terminavam o dia a bailarem nas associações de recreio. Até que o Estado Novo acabou com a festa. Mas uma classe profissional manteve sempre o 1.º de Maio como o seu dia. E celebrava-o. A oficina de um tipógrafo, meu tio cujos 93 anos cá estão para o confirmar, fechava anualmente neste dia, tal como todas as outras tipografias, para o pessoal fazer o seu pic-nic destinado à prova de vinho (qualquer um). E não houve ditadura que se atrevesse a acabar com essas provas. (MFM)
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