Esta água foi nascer/Naquela encosta do monte/Para vir dar de beber/A quem passar pela fonte
Si hortum in biblioteca habes deerit nihil
11 de maio de 2012
A espera ...
Casarão personagem de novela camiliana.
Parte I - A Felicidade -Casamentos felizes. Homens inquietos e encurralados que buscam grandes espaços, aventura e fortuna além-mar. Mulheres apaixonadas, que permanecem, sobrevivem, criam filhos, estrangulam a solidão e esperam...
Parte II- A Expiação - Homens de torna viagem. Casamentos infelizes. Mortes trágicas. Velhos cansados sentados num banco naquela varanda, esperando .... O eterno descanso. O abandono.
Parte III -A Redenção: Filhos ilegítimos compensados, casa cheia, crianças que transportam ritmos e cores de terras longínquas e esperam tudo...
Epílogo - O camartelo?;a ressurreição?
9 de maio de 2012
Porto da Lage e o Vereador Faustino
1912 -22 de Abril- por proposta do vogal Faustino, o condutor de trabalhos foi mandado fazer o orçamento para a obra de reparação da ponte pública sobre a Ribeira da Beselga, no lugar de Porto da Lage.
1912- 18 de Novembro - sob proposta do vereador Faustino foi aprovado que reconhecendo a necessidade de se proceder á reparação da ponte sobre a ribeira de Porto da Lage, na freguesia da Madalena, se execute a obra procurando-se primeiro obter dos proprietários limítrofes quaisquer donativos com o fim de nela serem empregados. Declarou ainda que na inspecção que a ela fizera, fora acompanhado pelo empregado Técnico da Camara.
1916- 20 de Novembro- ponte sobre a ribeira de Porto da Lage- o vereador Manuel Mendes Godinho Júnior pediu a sua reconstrução, ao que o vereador Faustino disse que se ia fazer.
Infelizmente não foi possível apurar quem fosse o vereador Faustino.
Vê-se assim Porto da Lage impossibilitado de colocar aqui alguma biografia que atestaria, estamos certos, a dedicação do ilustre autarca à causa pública. Seria a nossa forma de nos mostrarmos gratos pela sua visita e pela boa vontade demonstrada. É certo que a ponte ainda não teria seria reconstruída por aqueles tempos (só o foi em 1933) mas, mais uma vez, estamos certos, não foi por falta de empenho de Sua Excelência!
Vê-se assim Porto da Lage impossibilitado de colocar aqui alguma biografia que atestaria, estamos certos, a dedicação do ilustre autarca à causa pública. Seria a nossa forma de nos mostrarmos gratos pela sua visita e pela boa vontade demonstrada. É certo que a ponte ainda não teria seria reconstruída por aqueles tempos (só o foi em 1933) mas, mais uma vez, estamos certos, não foi por falta de empenho de Sua Excelência!
Não queremos, porém, deixar de prestar uma homenagem, singela homenagem, àquele edil.
Em sua memória aqui se deixa a beleza de imagens de obras de arte, que têm como tema a razão de ser do seu pelouro. Ei-las ao longo dos tempos e das várias escolas e correntes artísticas
Hans Lautensack, Landscape with a Portrait of Albrecht
Dürer, 1553
Canaleto, A velha Ponte de Walton, 1754
Walter Greaves, Ponte de Hammersmith em dia de corrida
de barcos, c. 1862
Childe Hassam, Dia de Inverno na Ponte de Brooklin, 1892
Paul Cezanne, Ponte sobre o Marne em Creteil c.1894 |
Edvard Munch, Quatro raparigas na ponte, 1902 |
Andre Derain, Ponte de Londres, 1906 |
Andre Derain, Charing Cross Bridge, 1906
L.S.Lawry, Canalbridge, principio do sec.XX
Joseph Stella, A ponte de Brooklin, 1917
Frances Hodgkins The weir, 1925
Iackov Chernicov, Fantasias da Arquitectura, 1925-1933
Hiroshi Yoshima, Kameido Bridge, 1927 |
Rolf Nesh, Elb Bridge, 1932
Gino Scipione, A ponte dos Anjos, 1935
Milton Avery, Ponte para o mar, 1937
Andreias Feininger, Ponte de Brooklin, 1940
Dali, O buraco do sonho, 1945
Johann Berthelsen, Brooklyn Bridge with New York skyline
Anthony Derret Johnson, Berwick Bridges, 2006
Luc Tuymans, Bridge, 2009
Fonte:A.M.T. 1901-1925
, pags.296, 314, 414
7 de maio de 2012
Caminho PL-Paialvo, Já estará reparado?
1876 -17 de Março- foi aprovado um pedido da junta da paroquia de Paialvo, para que a contribuição braçal com respeito aquela freguesia fosse aplicada no conserto da estrada desde o lugar de Paialvo até a estação de caminho de ferro de Porto da Lage
Claude Monet, A caçada, 1876
1878 -1 de Marco- a Junta da Paróquia de Paialvo requereu e foi-lhe concedida a finta de braçal para reparar os caminhos de Paialvo para o lugar de Porto da Lage (estação dos caminhos de ferro).
Alfred Sisley, Mercado de Marly, 1877
1878 - 12 de Abril- tornando-se de reconhecida utilidade pública a construção de uma estrada municipal de 3.ª classe que ligasse o lugar de Paialvo em um ponto qualquer com a estrada de Tomar à estação de caminho de ferro de Paialvo, propunha que se procedesse ao reconhecimento do terreno a percorrer, sendo encarregado desse serviço o empregado técnico da câmara
1878- 23 de Setembro -Foi autorizado o empregar-se na reparação do caminho de Paialvo à estação de caminho de ferro o imposto do serviço braçal dos lugares de Paialvo, Vila Nova, Carrascal, Carrazede, Bexiga, Delonga, Casal de Baixo e Casal João de Deus, da Freguesia de Paialvo; e dos lugares de Cem Soldos, Poços, Sobreiras, Gaios, Porto Mendo, Caniçal, Corujo e Marmeleiro, da Freguesia da Madalena.
Edouard Manet,Rapariga no Jardim de
Bellevue 1880
1905- 11 de Maio- caminho vicinal de Porto da Lage a Paialvo - a comissão distrital aprovou o projecto e orçamento deste caminho vicinal.
1905- 23 de Junho- caminho de Porto da Lage a Paialvo - a câmara anunciou a arrematação das terraplanagens e obras de arte entre os perfis 0 e 42 na extensão de 834M,93 sendo a base de licitação a quantia de 210$242 réis
Edvard Munch, de Thuringewald c.1905.
1905- 23 de Junho- caminho de Porto da Lage a Paialvo - a câmara anunciou a arrematação das terraplanagens e obras de arte entre os perfis 0 e 42 na extensão de 834M,93 sendo a base de licitação a quantia de 210$242 réis.
1905- 27 de Julho- caminho vicinal de Porto da Lage a Paialvo – a câmara arrematou por 210$000 réis as terraplanagens e obras de arte entre os perfis 0 e 42 na extensão de 834M,93, a João Nunes Cartaxo do Outeiro de Pai Mouro, por 197$000 réis.
1906- 8 deFevereiro - caminho vicinal de Porto da Lage a Paialvo - a câmara anunciou a arrematação do pavimento entre os perfis 0 e 42 na extensão de 834M,93 deste caminho sendo a base de licitação a quantia de 300$000 réis.
1906- 1 de Março- caminho vicinal de Porto da Lage a Paialvo - a câmara arrematou a José Ferreira, de Ceras, por 299$000 a construção do pavimento entre os perfis 0 e 42 na extensão de 834M.
Henry Matisse, Paisagem em Colliore, 19051906- 9 de Agosto- caminho vicinal de Porto da Lage a Paialvo - a câmara pagou a José Ferreira, de Ceras, por conta desta obra 100$000.
1906- 4 de Outubro- caminho vicinal de Porto da Lage a Paialvo –foi presente a nota de expropriações a fazer com a construção deste caminho, que importava 65$000 réis.
Pablo Picasso, Ma jolie, 1909
1910- 21 de Novembro- caminho vicinal de Porto da Lage a Paialvo – pagar a Manuel Ramalhete Júnior, dos Pouzos, 100$000 por conta das obras de terraplanagens e obras de arte neste caminho.
1911- 11 de Setembro- caminho de Porto da Lage a Paialvo – a junta da paróquia de Paialvo, em vista desta câmara ter de mandar proceder ao alargamento deste caminho, pede que se faça dando a maior largura no dito caminho. A câmara ficou inteirada.
Kandinsky, Composição IV, 19111912- 12 de Agosto- caminho vicinal de Porto da Lage a Paialvo- o presidente da comissão administrativa de Paialvo pede à Camara para mandar proceder com urgência à reparação deste caminho, pois se aproxima a estação invernosa.
1914- 23 de Março- caminho vicinal de Porto da Lage a Paialvo- pagou-se a José António das Neves, do Casal de Baixo, seu arrematante, 50$00 pela obra de empedrado e alinhamento entre os perfis 42 e 93.
Mondrian, Árvore Cinzenta, 1911
1917- 1 de Outubro- a câmara deliberou mandar consertar o caminho publico de Porto da Lage a Paialvo.Mondrian, Árvore Cinzenta, 1911
1920- 7 de Julho- antiga estrada real- a junta de Paialvo pede que se façam nesta antiga estrada, as reparações indispensáveis, podendo contar com o auxílio do povo.
Juan Miro, Carnaval de Arlequim, 1925
1925- 3 de Agosto - caminho de Porto da Lage a Paialvo - o condutor de obras foi mandado proceder ao orçamento da sua reparação
.
Paul Klee, Madrugada em Ro, 1927
Fonte: A.M.T, vol 1870-1900: fls104,147, 244; vol 1901-1925: fls. 94,99, 101, 113, 115, 126, 267, 308, 352, 427, 505, 590.
Juan Miro, Carnaval de Arlequim, 1925
1925- 3 de Agosto - caminho de Porto da Lage a Paialvo - o condutor de obras foi mandado proceder ao orçamento da sua reparação
.
Paul Klee, Madrugada em Ro, 1927
Fonte: A.M.T, vol 1870-1900: fls104,147, 244; vol 1901-1925: fls. 94,99, 101, 113, 115, 126, 267, 308, 352, 427, 505, 590.
6 de maio de 2012
Dia da Mãe
Maria José de Sousa Rosa, filha de Manuel de Sousa Rosa, nasceu em Assentis a 18 de Novembro de 1864. Ela e o marido, Augusto Pereira da Motta, foram dos primeiros habitantes de Porto da Lage, na era pós-estação de Paialvo.
Aqui nasceram oito dos seus dez filhos. Uma mãe de Porto da Lage.Maria José de Sousa Rosa (1864 - 1938) |
5 de maio de 2012
O Fim?
"O Ramal de Tomar foi inaugurado oficialmente no dia 24 de Setembro de 1928 e estiveram presentes as seguintes personalidades, que saíram no comboio presidencial de Lisboa-Rossio às 9 horas e cinquenta minutos: o presidente da República, General Carmona, o ministro do Comércio, o presidente do Conselho de Administração, Sr. Rui Úrica, o secretário-geral adjunto, engenheiro António Cabral, o director-geral, engenheiro Ferreira Mesquita e vários generais. O comboio chegou à estação de Tomar pelas 12 horas". de Tomar a cidade
Aaron Harry Gorson, River Bridge, 1921
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4 de maio de 2012
Porto da Lage, 1927
Le Depart des Poilus, mural exposto na Gare de L'Est em 1914, restaurado em 2005.
No Guia de Portugal, 1927:
Paialvo, Venda de sanduiches na estação. Camionetas de carreira a quase todos os comboios e trens de aluguer para Tomar, por uma estrada desinteressante e monótona, mal conservada: olivais, agaves. Na última curva do caminho, bela vista da cidade, coroada pelo castelo enegrecido e pelo convento dos Templários, enquanto a seus pés se estende a planura verdejante do Nabão.(Guia de Portugal, vol.II, pag.454, ed. Gulbenkian 1991)
Zoltan Klie, Estação de Comboio em Paris, 1929
Outros Rápidos
15 de Outubro de 1903 - A Câmara solicitou aos Caminhos de Ferro a Paragem na Estação de Payalvo do rápido ascendente de Lisboa ao Porto.
George d'Espagnat La gare de Banlieue, 1895
George d'Espagnat La gare de Banlieue, 1895
Tivadar Csontvary Kosztka A estação de leste à noite, 1902
Lucien Wells, Railway Bridge, 1907
1 de maio de 2012
Pausa*
Marc Chagall, Eu e a aldeia, 1911
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Aniversário
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a.olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho... )
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a.olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho... )
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!
O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos ...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo! O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos ...
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!
Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Pára, meu coração! Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira! ...
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...
Álvaro de Campos, in "Poemas"
Giorgio de Chirico, Mistério e Melancolia de
uma rua, 1914 |
*nos horarios dos comboios, estações de todas as categorias e nas gentes (o Senhor as tenha conSigo) que já não sofrem as neuras de feriados chuvosos
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