Si hortum in biblioteca habes deerit nihil

Si hortum in biblioteca habes deerit nihil
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6 de março de 2013

Festa com Baile (mandado) em Assentis -1959


Assentis é assim  uma espécie de  avô de Porto da Lage , pelas causas que o link atrás explica e também por outras razões históricas e culturais. Ainda PL seria apenas um moinho e já Assentis  era uma localidade muto populosa e antiga, como vimos nas respectivas Memórias Paroquiais. Já mais recentemente (quer dizer, perto de cem anos) as crianças de PL iam a Assentis aprender a ler.Temos, portanto, além da geografia, mais bem dito, por causa dela, um passado comum. E Assentis sabe, na sua qualidade de avô, muita história e muita tradição. É o que a gente pode aprender em assentis.org, um site se calhar conhecido de muitos mas de que eu tomei conhecimento não há muito tempo. Recomendo-o a quem não o conheça e felicito vivamente o responsável. Pela iniciativa, naturalmente, e pela capacidade agregadora. Consegue colher contributos dos seus conterrâneos e engrandecer assim o espólio de memórias da sua terra. É verdade que também recebe críticas ..  pois...tudo tem o seu preço! Eu, como até agora só recebi elogios ... adiante!

Uma rubrica fantástica do site  é a das crónicas. Vale a pena lê-las. E já agora roubá-las. Não é bonito mas a causa é nobre! (palavra que diligenciei pedir autorização ao dono mas não consegui). E depois ninguém  tira nada do sitio, basta clicar em  http://www.assentis.org/cronicas/index.php? -escolher uma festa e um Padre...(por exemplo) e, talvez, alguns dos que lêm, possam recordar eventos passados. É provável que os ecos do acontecido tenham chegado a Porto da Lage e até  que alguns dos locais se tenham deslocado a Assentis nas tais excursões, para pisar a terra sitiada. (MFM)
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4 de março de 2013

Hermenegildo

                                                                   
Numa noite de Verão do final dos anos quarenta do século passado,Hermenegildo Narciso saía de casa da irmã Luciana. Céu de trevas, nem um pirilampo no ar sem brisa. Mas dali até sua casa, no Paço, onde o esperavam já ceados a mulher e os filhos, com certeza não teriam esperado por ele como recomendara, era um salto. Luciana quisera acompanhá-lo com a lanterna, insistira até, pelo menos até à ponte, deixa lá! Mas ele não permitira, era o que faltava, conhecia de cor aquela meia dúzia de passos entre a casa e a ribeira, não aprendera ele ali a andar, brincara e se fizera homem? Até troçara - olha lá se a cheia me leva! E dera uma gargalhada a lembrar-se do fio de água que, nos últimos dias, mal dava para as crianças chapinharem. A irmã ia jurar que ainda o ouvia rir quando o baque surdo na escuridão prenunciou o silêncio seguinte. Silêncio logo cortado, ao ínicio pelo seu chamar ansioso, depois pelos gritos aflitos. Mas não houve resposta. Hermenegildo, por uma vez, a única, não acertara na ponte de olhos fechados. Falhara por um pé, caíra e batera com a cabeça numa das pedras onde, pelas tardes, as mulheres torciam a roupa enxaguada nas águas transparentes da ribeira. Morreu em frente à casa onde nascera.


Nota: Contaram-me a história como "um acidente"com nomes, local, noite escura, data aproximada. Não conheço, nem me lembro de ter conhecido nenhum dos personagens (verídicos) sobreviventes, não sei antecedentes nem de factos posteriores. Mas tocou-me esta tragédia, mansa, silenciosa e anónima, que não derivou de pavorosas borrascas humanas nem de invencíveis calamidades naturais e que, no entanto, resulta tão terrivelmente "trágica". Que deuses foram impotentes para impedir este sacríficio, que destino nefasto fora traçado à hora que a mãe deu à luz o pequeno Hermenegildo, à beira da ribeira da Beselga? (MFM)

21 de fevereiro de 2013

Quem é quem?

A São Escudeiro (que não tenho o prazer de conhecer mas a quem deixo mil agradecimentos) fez-nos chegar esta bela foto da bela juventude feminina de Porto da Lage, nos idos anos vinte. Ela sabe que uma delas é sua familiar mas  não sabe qual. Alguém dá uma ajuda? Alguém tem lá por casa fotografias com alguma destas meninas? Alguém tira alguma "pela pinta"?


14 de fevereiro de 2013

Em Portugal também é crime pôr os pés no chão?

 


                                Expedição Portuguesa comparecendo perante o rei do Congo © National Maritime Museum


Li a seguinte citação que José Adelino Maltez faz do rei do Congo, a propósito das obrigações legais que nos aguardam (controlarmo-nos uns aos outros e tornarmo-nos verdadeiras lixeiras particulares) e, muito modestamente, lembrei-me do que já foi dito neste blog sobre Ordenações, neste caso Filipinas :
No século XV, o rei do Congo, depois de ouvir a leitura que lhe fizeram do livro V das Ordenações, voltou-se para o nosso enviado e questionou: "ouve lá, em Portugal também é crime pôr os pés no chão?"

             

12 de fevereiro de 2013

3 de fevereiro de 2013

Porto da Lage - 150 anos






Por volta de 1863 decorriam os trabalhos de construção da chamada linha do Norte. Para além das alusões já descritas neste blog, retiradas das actas da CMT, nada encontrei sobre os trabalhos de implantação da linha férrea na Quinta do Porto da lage que há 150 anos devem ter transtornado as vidas dos habitantes do Paço, Vales e Paialvo, lugares então mais próximos, e de todos aqueles que trabalhavam os campos em redor.
O primeiro comboio  entre Santa Apolónia e Gaia viria a circular em 1864 (em 7 de Junho deste ano fica oficialmente completa a linha do Norte), faz para o ano 150 anos. Significa isto que em 2014 Porto da Lage celebra 150 anos da sua estação, o mesmo será dizer do seu nascimento como localidade. Talvez o lembrete desta data interesse. Cá fica.
A Gazeta dos Caminhos de Ferro na sua edição de 1956, edição comemorativa do centenário dos caminhos de ferro portugueses, para além de nos dar a conhecer o processo político, administrativo e até financeiro da construção daquela Linha dá-nos também  uma visão extraordinária das vicissitudes físicas e humanas que toda aquela obra arrastou consigo. Vale a pena ler o artigo todo, mesmo aqueles que, como eu, não são propriamente apaixonados pelos comboios (excepto para viajar neles) e a quem resulta "chinês"  toda a alusão pura e dura à técnica quer da máquina quer da geologia. E vale a pena mesmo, chegar ao fim, para concluir que a fiscalização funcionava, que o governo se empenhava e a obra  terminou quatro anos antes do previsto, apesar dos contratempos apresentadas, o que era motivo de orgulho e levou um director da Companhia Real a afirmar: «Pode dizer-se, sem receio de desmentido, que nunca em Portugal houve tanta actividade na execução dos trabalhos públicos». Mal sabia ele o que aconteceria mais de cem anos depois!
Porém, para quem só quiser saber o que se passou no percurso da linha próximo de Porto da Lage as pags  414 e 415 da  Gazeta dos Caminhos de Ferro da presente edição, descrevem-no. De realçar o papel que operários irlandeses e italianos tiveram na construção dos túneis e a alegria popular e os brindes burgueses sempre presentes, mesmo em sitios onde só "reinam pedras".
 De qualquer forma, segue um pequeno extracto daquele artigo da Gazeta, intitulado "No centenário dos Caminhos de Ferro" assinado pelo Eng. Frederico de Quadros Abragão:



















 






1 de fevereiro de 2013

Porto da Lage no Dicionário Postal e Chronographico do Reino de Portugal


Dicionário Postal e Chronographico do Reino de Portugal, coordenado por João Baptista da Silva Lopes -Administrador dos Correios e Telegraphos de Lisboa, publicado pela imprensa Nacional em 1894.