Si hortum in biblioteca habes deerit nihil

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20 de setembro de 2022

E Não É que Agora me Morre a Rainha?

 

Só me faltava esta!



  

Neste mundo, que cada vez é menos o meu, vejo cair a toda a hora a esperança da criação de um mundo de liberdade, bem estar, justiça social e tolerância, o que na minha juventude parecia estar a construir-se porque as pessoas ansiavam e lutavam por isso. Esse mundo esvaiu-se. Hoje, ao hedonismo junta-se o radicalismo de que são exemplos a defesa de únicos e exclusivos oprimidos, de hoje e de ontem, e a famigerada teoria de género, que só conduzem à tribalização e à promoçáo do ódio constante ao outro. A essência da democracia foi-se, agora resume-se a eleições, impera a ditadura da "única verdade", que não aceita a discussão muito menos oposição, e o controlo da linguagem como exercício de poder.

Durante décadas ignorei a existência da rainha, depois passei a associá-la às revistas cor-de-rosa, últimamente dei por mim a pensar nela como exemplo de missão e de sacríficio de vida por uma causa. Mas, apesar de tudo, soube sempre dentro de mim que ela lá estava, lá estava quando nasci, lá continuava e continuaria a estar.  Como as rochas que  só se alteram levemente pela força dos elementos e que são eternas. Afinal enganei-me. A surpresa da notícia atordoou-me primeiro, entristeceu-me depois e não percebi logo porquê. Depois vi que era o meu lamento pela perda de um símbolo, o do mundo que se está a acabar. Estou com muita pena de mim!(MFM)




..... Também Javier Márias partiu por estes dias. Um grande escritor que eu admirava e que dizia não se sentir bem neste "mundo de maluquinhos".

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