Si hortum in biblioteca habes deerit nihil

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29 de abril de 2012

A importância da Estação

Na sessão de 27 de Novembro de 1874 a câmara deliberou "representar no chefe de exploração dos caminhos de ferro , Manuel Afonso Espargueira" a necessidade " "por conveniência pública" de ser colocado sobre as portas da casa da estação de caminho de ferro de Paialvo o telheiro que já ali esteve e "têm ainda as estações menos importantes do que esta".


                                                             Edouard Manet, O caminho de Ferro, 1872-1873

                                          Claude Monet, Gare St.Lazare, 1877


Rápidos

4 de Julho 1869 - nesta sessão a câmara de Tomar fez uma representaçãoà direcção dos Caminhos de Ferro Portugueses do Norte para que os comboios rápidos tivessem uma curta paragem na estação de Paialvo.
                                                 
                             
Charles Rossiter To Brighton and Back for 3s and 6d ,1859.
                                         Camille Pissarro, A estação de Lordshiplane, 1871

28 de abril de 2012

Outra Categoria

14 de Dezembro de 1868 – “A Câmara concordou em fazer uma representação ao Governo a fim de ser elevada à categoria de 2.ª classe a estação de caminho de ferro de Tomar (Paialvo) aumentando-se e melhorando-se o respectivo cais, e que seja coberta a sua plataforma.”


William Powell Frith, The Railway Station, 1862




1 de Fevereiro 1869 –"o Conde de Tomar, António", informa a Câmara de que a Companhia de Caminhos de Ferro do Norte e Leste atendeu o pedido que lhe foi feito, para a estação de Paialvo ser elevada de 4.ª para 2.ª classe; e que em breve se começarão "as obras na referida estação por motivo de sua mudança de categoria".



Augustus Egg, The Travelling Companions, 1862

                               

27 de abril de 2012

Passageiros na Estação de Paialvo


30 de Setembro de 1864 - a Câmara de Tomar, tendo pedido ao Ministério das Obras Públicas que o comboio correio receba passageiros na estação de Paialvo, obtém como resposta que tal  "será tomado em  conta por ocasião de se tratar da reforma do horário que actualmente regula o serviço da linha férrea do Norte e Leste".

                            
Honoré Daumier, Carruagem de 1.ª Classe,1864




Honoré Daumier, Carruagem de 2.ª Classe,1864




Honoré Daumier, Carruagem de 3.ª Classe,1862

26 de abril de 2012

Estrada de Paialvo


Em 1864/65 é construída a estrada que liga a estação de Payalvo a Tomar. É uma construção   da responsabilidade da Real Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, para compensar a cidade por os caminhos de ferro não a contemplarem , como estava inicialmente previsto. Devido ao desaterro feito à entrada de Tomar é destruída a calçada da Senhora dos Anjos por “onde tanto peregrino de pé e de joelhos passou em penitência e oração à então idolatrada Sr.ª dos Anjos”, como refere Amorim Rosa.
                                            Vista de Tomar a partir da Estrada de Paialvo, 1870


Mas a coisa não foi pacífica. Vejamos a sucessão dos acontecimentos, retirados dos A.M.T:

2/01/1864 –  "compareceu na sessão da câmara o chefe da secção das obras publicas de TOMAR, Luis Pereira Mouzo Governo, o qual disse que, por exigência do Governo, pretendia saber se a câmara consentia que as obras da estrada que há-de ligar esta cidade com a estação da linha férrea de Porto da Lage, podiam ser começadas na cerca do extinto Convento de S. Francisco sem a prévia expropriação, ou se mesmo a câmara queria tratar dela, pois que  ele se achava autorizado, conjuntamente com o engenheiro da empresa construtora da Linha do Norte, Ismael Boenaga, a determinar o preço da referida expropriação. A Camara convencionou com o dito engenheiro receber 100$000 reis de estimativa pelo corte feito na cerca, e além desta quantia mais 20 reis por cada um metro quadrado do terreno que ocupar a estrada, incluindo nesta as rampas e taludes e mais terreno q for ocupado com movimentos de terra por efeito das obras ou desdobramento dos terrenos


23/05/1864 –  Sebastião de Arriaga, encarregado pela empresa construtora do caminho de ferro, da direcção da construção da estrada que há-de ligar esta cidade com a estação de Paialvo, pede a câmara para remover a pedra da calçada da Sr.ª dos Anjos, caso a não queira vender. A câmara deliberou q se removesse, visto ser precisa para as obras do município.

30/05/1864 – a Câmara tendo conhecimento que a construção da estrada que há-de ligar esta cidade com a estação de caminho de ferro de Paialvo, a qual se acha em obras até ao principio da rua da Graça; e considerando que a natureza daquela estrada é tal que termina no ponto em que confina com a entrada da dita rua; considerando que a referida construção já se prolonga até dentro desta cidade contra o preceito que deve regular a estrada que se está construindo; e considerando finalmente que uma obra que vai causar graves prejuízos com o aterro que está em projecto e obsta por isso ao nivelamento do resto da mesma rua da Graça que se pretende calçar e arranjar; deliberou por isso que se empregassem os meios para que a construção da dita estrada ou ramal terminasse no começo daquela rua e se não prolongasse ao centro da mesma, requerendo por isso embargo da obra nova, e se promovessem os mais termos para que ela não continuasse além do começo da mencionada rua.


                                           Rua da Graça, poente - 1894
                                       




                                            Rua da Graça, primeiras décadas do sec.XX



Estrada de Paialvo, em frente. Fotografia da época da construção dos muros e portões da cerca (Mata Nacional dos Sete Montes) e do parqueamento em frente dos mesmos, c.1950. À direita vê-se o pinhal de Santa Bárbara, hoje assim chamado, antes «Monte de Nossa Senhora dos Anjos» onde, ate ao sec. XVII se encontrava a forca, sendo em 1699 lá construída uma Ermida, com Jesus Cristo Crucificado, que depois se chamou «Capela de Santa Bárbara».



                                              
                                          Rua da Graça, nascente -anos 50 sec.XX

                                          
                                          Rua da Graça, poente -anos 50 sec.XX


Rua da Graça, nos nossos dias.







                                        
30/05/1864 – a Câmara tendo conhecimento que a construção da estrada que há-de ligar esta cidade com a estação de caminho de ferro de Paialvo, a qual se acha em obras até ao principio da rua da Graça; e considerando que a natureza daquela estrada é tal que termina no ponto em que confina com a entrada da dita rua; considerando que a referida construção já se prolonga até dentro desta cidade contra o preceito que deve regular a estrada que se está construindo; e considerando finalmente que uma obra que vai causar graves prejuízos com o aterro que está em projecto e obsta por isso ao nivelamento do resto da mesma rua da Graça que se pretende calçar e arranjar; deliberou por isso que se empregassem os meios para que a construção da dita estrada ou ramal terminasse no começo daquela rua e se não prolongasse ao centro da mesma, requerendo por isso embargo da obra nova, e se promovessem os mais termos para que ela não continuasse além do começo da mencionada rua.

19/06/1864 – Representação ao Rei :

« em virtude da concessão feita à Real Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses para o fim de Tomar ficar deixando de ser ponto obrigatório, e poder a mesma Companhia adoptar outra directriz, tocando em Paialvo, entrou como condição para essa concessão o ficar a cargo da referida Companhia o construir uma estrada de 2.ª ordem que ligasse a cidade de Tomar com a via férrea. Esta obrigação, que pesava sobre a Companhia, já hoje devia estar cumprida, o que não acontece; e se isto é um mal para os habitantes da cidade de Tomar, não o é menor a maneira como se pretende construir a dita estrada, prolongando-a por entre a mesma cidade com prejuízo dos seus habitantes, não sendo jamais ouvida a Câmara Municipal, a qual hoje, como suplicante, vem pedir a V.M. para que lhe assegure e faça respeitar ao seus direitos, como representante deste município.

Uma das melhores ruas que existe nesta cidade é denominada Rua da Graça, a qual se estende de nascente para poente, e é nesta última parte onde vem terminar a estrada em construção, que até aqui se prolonga desde a estação de Paialvo. Esta rua é dotada dum plano inclinado, elevando-se de nascente a poente, pelo que é de primeira intuição , que, para o seu nivelamento, jamais possa suportar aterro na extremidade que fica ao poente, por ser a mais elevada……..

…… acontece, com assombro da Câmara, que a legislação citada seja desprezada pela Companhia construtora dos caminhos de ferro encarregada da estrada-ramal, por isso que a prolonga pelo centro da dita rua da Graça, formando-se dentro dela um aterro, e no mesmo sitio onde ela se acha mais elevada, prejudicando-se por esta forma o seu nivelamento, o que unicamente acontece por não se querer desaterrar a estrada desde o sitio onde passa proximamente ao antigo telegrafo até à entrada em Tomar, para assim se evitarem despesas à empresa ….

…..é mister que se forme a estrada desaterrando-a desde o ponto em que passa junto ao antigo telégrafo, onde se encontra a primeira inclinação descendente para a parte do poente, e assim se tornará desnecessário o aterro dentro da rua da Graça …»


Rei D.Luís (1838-1889)

12/08/1864 – o Presidente disse que reconhecendo que uma das obras de que havia mais necessidade era o arranjo da rua da Graça, propôs ao engenheiro da Companhia dos Caminhos de Ferro, Sebastião de Arriaga Brum da Silveira, encarregado da construção da estrada de Paialvo, que a companhia se prontificasse ao arranjo da dita rua até ao sitio da rua Direita, recebendo unicamente para isso a pedra da calçada da Senhora dos Anjos. Como o referido engenheiro fosse a isso autorizado pela Companhia, o Presidente pergunta à câmara se lhe convinha ou não este contrato, o qual foi aprovado.



25 de abril de 2012

Estação "de Tomar"


30 de Maio de 1864  a Câmara deliberou fazer uma representação ao Rei para que a estação de caminho de ferro, hoje denominada de Paialvo se intitulasse de Tomar, por ser uma estação “levantada para receber os passageiros e mercadorias desta cidade e as que a ela concorrem".(A.M.T.

                                                J.M.W.Turner, Rain, Steam,Speed,  1844



A privacidade não entra neste blog
As figuras públicas não são privadas
O Miguel era uma figura pública,
Logo pode entrar neste blog
“Silogismo” de pé quebrado para  justificar o que as memórias de juventude  obrigam.
Entre nós não cresceram só cretinos, pena que vão tão cedo os outros!
Até sempre!

24 de abril de 2012

Porto da Lage sem "servidão"?


A 14 de Janeiro de 1864 a Câmara de Tomar faz "uma representação ao rei", na sequência de frequentes queixas de  habitantes das freguesias da Sabacheira, S.Silvestre e da Igreja Nova de Paialvo contra a empresa construtora da via férrea do Norte por esta ter cortado as servidões para os prédios particulares, assim como os caminhos municipais e ainda vicinais, no sentido daquela empresa cumprir o seu contrato, "abrindo todas as servidões publicas e particulares que se acham cortadas pela via férrea desde o lugar do Furadouro, na freguesia da Sabacheira, até Vila Nova de Paialvo"  (AMT 1830-1869, pag. 239).


Claude Monet -estrada para Chaily, 1864


23 de abril de 2012

A Fábrica de Alcool de Porto da Lage




A abundância de água e a existência do maior figueiral da Europa nesta região possibilitaram o início da actividade industrial da  Produção de Álcool Etílico a partir do figo, de que a  Fábrica de Alcool de Porto da Lage constituiu um exemplo, tendo sido uma das cinco fábricas deste tipo existentes no  nosso país.


Segundo testemunhos orais a fábrica terá começado a operar por volta de 1927 , fundada por um sujeito de nome Malhado, da Longra, o qual, mais tarde, por dificuldades no pagamento de créditos concedidos por António Pereira da Motta e outros, terá sido obrigado a ceder-lhes a fábrica.


                                                  Claude Chagall -A noiva de duas caras 1927
                                                 
A partir de 1966, foi imposto o monopólio do Estado na comercialização do Álcool Etílico, passando esta e as outras fábricas a ser fornecedoras desse monopólio, que não dispunha de estruturas produtivas.

                                           Maria Helena Vieira da Silva, L´air du vent, 1966

Com a liberalização do sector em 1993, com excepção de uma das fábricas que ainda se mantém, em Torres Novas, todas as outras encerram as suas portas.


                                                    Tratado de Maastricht 1993

22 de abril de 2012

A Caminho de Roma

"Com destino  a Roma embarcou no passado dia 14 de Maio na Estação de Payalvo um grupo de Peregrinos" (Jornal Eccos de Thomar, 1924)

Ruídos da rua invadem a casa (1911)  de Umberto Boccioni,
considerado o pintor e escultor mais importante do Futurismo
italiano.

21 de abril de 2012

A Filoxera em Porto da Lage



Na sessão de 12 de Julho [1882] a Comissão de Vigilância Filoxérica informou a Câmara que nada encontrou na bacia da Ribeira da Beselga desde o Porto da Lage até à Ponte da Guerreira mas que na Freguesia de Paialvo, cerca desta antiga Vila, encontrara um foco com cerca de 9 metros de diâmetro, numa vinha pertencente a Maria Maroa, da referida povoação.

Ciclo de vida da Filoxera, nome comum
 da espécie Daktulosphaira vitifoliae
Nesta mesma sessão o Presidente convidou os viticultores do Concelho a formarem uma Cooperativa, com o fim de poderem combater a filoxera, a fim de adquirirem o sulfureto de carbono necessário.
(in Anais do Municipio de Tomar, 1870-1900, pag. 201).






Porém, a 25 de Outubro do mesmo ano, a Comissão Central Anti-filoxérica do Sul do Reino, já reconhecia como invadida pela filoxera grande parte do vinhedo do Concelho de Tomar.
Danos causados pela filoxera.

20 de abril de 2012

A Estrada 1


                                          "Passou a diligência pela estrada, e foi-se;
                                           E a estrada não ficou mais bela, nem sequer mais feia.
                                           Assim é a acção humana pelo mundo fora.
                                           Nada tiramos e nada pomos; passamos e esquecemos;
                                           E o sol é sempre pontual todos os dias."

                                         Alberto Caeiro

A Estrada


"A Junta da Madalena pediu com urgência, a reparação da estrada que passa por
dentro do lugar de Porto da Lage e que vai desde a estrada de Macadame até à
Ribeira da Beselga"
 (acta da CMT 20.05.1918)


19 de abril de 2012

Juíz de Vintena de Porto da Lage


Comunidades pequenas, desde que contassem com um mínimo de vinte moradores, podiam ter um juiz de vintena, designado pela autoridade municipal em cujo termo a localidade se encontrasse. Esses juízes podiam ordenar prisões - mesmo que os acusados não fossem moradores do lugar - desde que cometessem delitos na sua jurisdição ou já estivessem sendo procurados por mandado de autoridade competente. No entanto,  não estavam habilitados para efectuar julgamentos ou aplicar penas,  obrigando-se a encaminhar os detidos para o juiz ordinário. Também não tinham competência para julgar causas cíveis envolvendo bens de raiz, mas podiam resolver, dentro de limites predeterminados, as controvérsias entre vizinhos do seu termo. Essa alçada era fixada por faixas, partindo de 100 reis, nos vilarejos com menos de 50 moradores, até atingir o valor máximo de 400 reis, nos povoados com mais de 200 habitantes
Em 1 de Janeiro de 1748, segundo o livro dos acordãos camarários da Câmara de Tomar, terão sido eleitos os Juízes de Vintena das freguesias da época, sendo os seguintes os da Freguesia da Madalena:
Carvalhal Pequeno, António Lopes, de aí
Marmeleiro, Manuel Rodrigues, de aí

Cem Soldos, Manuel da Mota, de aí
Beselga, António de Sousa, da Quinta de Porto da Lage


        Padrão do Senhor Roubado de Odivelas, de 1744,  que relata,em azulejos mono cromáticos o roubo sacrílego de     objectos religiosos. Trata-se de   doze  painéis historiados, cada um composto por 72 azulejos, com legenda explicativa sobre as cenas do roubo.
        

Família de Diogo Alvares de Sousa (continuação)

Nos finais do sec. XVIII, os últimos morgados de Vargos morrem sem geração directa e aquele que será o último Manuel Pereira de Sousa, que morrerá solteiro e igualmente sem filhos, herda, por via feminina, aquela casa e lá passará a viver. A quinta da Belida continua a pertencer à família, através da irmã,  mas fica entregue a rendeiros, até o último, Manuel de Sousa Rosa, a comprar e a quinta desaparecer, por fim,  no inicio do sec.XX.

16 de abril de 2012

O sec.XVII em Porto da Lage


Azulejos sec.XVII.Museu Nacional do Azulejo

Não se conhecem acontecimentos em Porto da Lage nos anos de mil e seiscentos, salvo o de alguns, poucos, casamentos e baptisados. Factos da vida de todos os dias desde que há homens à face da terra: a formação da família e o nascimento de crianças.
Em meados do século, quando o Rei-Sol começava o seu reinado que faria escola em toda a Europa com o seu poder absoluto, o estilo barroco imperava na arte a favor da contra-reforma e a revolução cientifica tinha lugar, em Portugal lutava-se pela independência de Espanha.
Imagina-se que em Porto da Lage e em todos os campos à sua volta, os povos se alegravam (sejamos patriotas optimistas) com a libertação do jugo estrangeiro mas simultaneamente choravam pela possíbilidade da guerra lhes vir roubar os filhos, queimar os campos e, melhor das hipóteses, lhes encarecer a vida.
Por essa época o Dr. Diogo Alvares de Sousa, formado em leis em Coimbra, inicia a sua própria família no seu "Casal da Ribeira" (pensa-se que será a quinta da Belida) em 1656, a qual dará origem a três gerações de Manueis Pereira de Sousa que aqui viverão até 1800.
Assento de casamento de Diogo Alvares de Sousa
com Ignácia Correa, 2.02.1656
Diogo Velasquez -Mulher fritando ovos. Seria assim a vida nas casas
de Porto da Lage de seiscentos?



Assento de baptismo de Ignácia, neta de Diogo Alvares de
Sousa, filha do seu filho Manuel Pereira de Sousa, 17.11.1692

15 de abril de 2012

A Escola no sec.XIX -ainda não em Porto da Lage


"A junta da Paróquia da Madalena pretende o estabelecimento de uma cadeira de primeiras letras no lugar de Cem soldos, o mais populoso da freguesia, a qual pode ser utilizada pelos povos limítrofes. da freguesia de S. Silvestre da Beselga" (Actas da Câmara Municipal de Tomar -1840). Neste ano a Madalena tem 258 fogos e S.Silvestre 150.

                                                                                


O Orçamento do  ano de 1842 da Câmara de Tomar tem o valor de 1.886$301 reis e nele estão previstos, entre muitas outras despesas, um médico e um cirurgião do partido, seis professores primários, dos quais um na Madalena e um em Cem Soldos.

A Escola em Porto da Lage

A escola primária em Porto da Lage teve ínicio, segundo memória de alguns, em 1928.
Foi construída em terrenos comprados expressamente para este efeito por João Pereira da Motta, que os ofereceu para neles ser construído o futuro edíficio escolar.
Edificio esse que se manteve até ínicios dos anos setenta, quando, por falta de manutenção, ameaçou ruir e os alunos foram obrigados a frequentar instalações provisórias até a actual escola estar a funcionar.


A antiga escola era um edíficio com fachada identica a
esta, duas salas de aula, uma para cada sexo, um alpendre
 e um pátio traseiros.
Local onde se situava a antiga escola, em frente ao "ri
beiro da Quinta" e onde se encontra agora esta bisarra
vivenda.

                                 

12 de abril de 2012

A «União Fabril» em Porto da Lage

Armazèm da CUF em PL onde se pode
 ler a data: 1877

A companhia União Fabril - CUF - está indelevelmente ligada ao crescimento de Porto da Lage. Em 1877 a companhia estabelece nesta localidade um armazém destinado a arrecadar os seus produtos transportados pelo caminho de ferro e cá descarregados  (na estação de Paialvo). Daqui partem, primeiro em carros puxados por animais depois em camionetes, para serem distribuídos por toda a região. A CUF teve uma importância histórica em todos os ramos da economia portuguesa durante mais de um século, como se pode verificar com todo o detalhe aqui . No seu caso Porto da Lage contribuiu como entreposto para a distribuição de fertilizantes agrícolas.
Do papel crucial da CUF na agricultura falam-nos os deliciosos cartazes ao lado e em baixo, também retirados deste blog.
 Mas tudo está condenado a acabar?
Aspecto infeliz do estado degradante em que se tornou o
armazém, agora reduzido (por quanto tempo?) à fachada.

Dr.João Maria de Sousa - Natural de Porto da Lage

Em 13 de Novembro de 1836 nascia em Porto da Lage João Maria de Sousa, filho de João Manuel de Sousa e de Maria José da Piedade de Sousa, numa casa cujas ruínas ainda se mantinham de pé há perto de quarenta anos. Era "bacharel formado em Medicina", como se dizia então, na Universidade de Coimbra sendo depois médico em Tomar por mais de quarenta anos. Para além da sua actividade profissional foi um grande interveniente na vida cívica e política do seu tempo sendo considerado um grande republicano e democrata. O seu nome chegou aos nossos dias sobretudo devido à sua obra literária de cariz histórico Notícia Descriptiva e Histórica da cidade de Thomar, a qual foi editada pela primeira vez em 1903, e mais tarde reeditada em edição fac similada em 1991. Ainda hoje esta é uma obra de referência quando se quer consultar a história de Tomar e seus arredores.
O dr. João Maria de Sousa faleceu em Tomar a 8 de Agosto de 1905 e está sepultado no Cemitério dos Olivais daquela cidade. Foi avô de outro tomarense também interessado na história da sua terra, Amorim Rosa, responsável pela compilação dos Anais do Municipio de Tomar, pela História de Tomar em dois volumes e por outros trabalhos referentes a Tomar.

11 de abril de 2012

Dr. Henrique Pereira da Motta -Médico de Porto da Lage



O Pantaleão Faria hoje cem anos um dos mais queridos estudantes de Coimbra do seu tempo, onde viveu na Real República Ribatejana. Foi um estudante boémio que conseguiu conciliar o trabalho com a paródia e a graça com a elegância; estava tão à vontade em casa do lavrador como nos salões nobres.
Foi “padrinho” de “O Ponney” um jornal satírico da academia: “S. Ex. o Magnífico Reitor ... foi a Lisboa; ficou instalado no João do Grão...”
Recordo um das inúmeras partidas que congeminou: durante a Queima, ele e o seu amigo Castelão d’Almeida, ambos quintanistas vestidos a imitar lentes, pediram licença para jantar “de Borla e Capelo” no restaurante do Astória. O maitre, surpreendido, aquiesceu sorridente e indicou-lhes a mesa.
No fim, discursaram elogiando-se mutuamente, despediram-se de toda a gente e preparavam-se para sair quando o maitre, contrafeito, fez tenção de lhes entregar a conta.
Em voz alta, manifestaram surpresa, dado que lhes tinha sido concedido jantar “de borla” como qualquer dos ilustres hóspedes poderia testemunhar...
A graça foi compensada; logo houve quem se prontificasse a pagar a conta ...
Foi nesse ano que começou a “Venda da Pasta” em favor do Asylo da Infância Desvalida do Doutor Elísio de Moura, seu professor. Quando me encontrava, queria saber se o Pantaleão “continuava lúcido” ...
Foi um clínico geral notável em Porto da Lage, sua aldeia natal, tendo continuado a conciliar uma dedicação e uma competência exemplares com um espírito brilhante, em especial quando deixou de fumar.
Um dia, parou o carro em local proibido, à frente dum café. A um polícia, que o conhecia e lho fez notar, explicou ir tratar um doente. Tomado o café, ia a entrar no carro quando o polícia lhe perguntou, melindrado:
--Com que então, ia tratar um doente...?
--Era verdade, o doente era eu que precisava dum café....

Morreu há 24 anos, era meu pai e foi meu mestre
.

Texto publicado pelo professor Henrique Carmona da Mota em 14.01.05 aqui