Si hortum in biblioteca habes deerit nihil

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23 de outubro de 2013

Porto da Lage Antes da Chegada do Comboio



Esta despretensioso informação é possível, devido à investigação e publicação na internet pela Dra. Filomena Mota, ilustre descendente dos nossos avós Manuel Sousa Rosa e Ana Calçada, cujos filhos iniciaram o povoamento do Porto da Lage.
Porto da Lage é um sítio nas margens da Ribeira da Beselga, atravessado pela estrada real, que vinha de Santarém, passava por Lagar, Ponte do Alviela, Almonda, Golegã, Lamarosa, Paialvo, atravessava a ribeira por uma ponte de madeira em Porto da Lage e continuava por Fungalvaz, Chão de Maçãs, Rio de Couros e seguia para Coimbra.
O local era assinalado pela construção de um açude no leito da ribeira com uma levada e uma Azenha, motas e muros de consolidação dos terrenos da várzea, por uma extensão considerável.
Estas construções, como alguns séculos de existência, ainda hoje são bem visíveis o que denota a sua boa construção.
Outras edificações existiram: duas casas muito modestas, no troço da antiga estrada real, hoje estrada que vai de Porto da Lage à Madalena Igreja; uma casa senhorial à beira da estrada, próxima da Azenha. Esta casa foi demolida nas décadas de 1970 ou 1980.
No século XVIII, assim aparenta a sua arquitectura, é edificada uma estalagem, que ainda hoje existe, na quinta de Porto da Lage, pelo seu proprietário. Prestava assistência às diligências e viajantes que transitavam pela estrada real.
A passagem da via férrea do Norte e a edificação da estação ferroviária, trouxeram total alteração ao sitio com a construção de armazéns para recepção e expedição de mercadorias consignadas às fábricas instaladas em Tomar, durante último quartel do século XIX. Deste mesmo período são quatro habitações, uma das quais já desaparecida. Três subsistem.
Pelos anos das duas primeiras décadas do século XX, os netos da Quinta da Belida e gentes das povoações vizinhas aqui vieram erigir os seus lares e construir as suas acções económicas.(Ilídio Mota Teixeira)

Desenho de Domingos Sequeira (1768, 1837)



 

22 de outubro de 2013

A Vaquinha da Prima Marquinhas

Manhã de Primavera, 1912, José Malhoa


A prima Marquinhas tinha uma vaquinha, excelente exemplar produtora de leite, que aumentava a produção de acordo com a procura no mercado. O método era simples: a prima Marquinhas fazia soar o aviso, a Boneca, assim se chamava a vaquinha, bebia um goles de água que fazia atravessar as glândulas do úbere… e saíam branquinhas pelas tetas e caíam no bojo do tarro, mais puros que a água do poço. Quando os consumidores sentiam que o lácteo tinha um sabor mais diluído, perguntavam à prima Marquinhas: que bebeu a sua vaquinha para dar um leite tão digestivo.? Logo ela respondia convicta e sem hesitação: ela, a vaquinha, tem uma teta inflamada…
Assim se ficou a saber qual era a terapia para a inflamação das tetas das vacas e a técnica produtiva de leite. (Ilídio Mota Teixeira)

21 de outubro de 2013

A Prima Marquinhas e o Arroz Doce



Um membro da família, que era sobrinho, casou. A mãe e as tias haviam preparado as sobremesas: pão de ló e arroz doce. Os cozinhados com os produtos da capoeira, do ovil ou do cabril, eram da responsabilidade duma conceituada cozinheira vinda dos arredores.
Factos consumados, almoço servido, ingerido e cada qual serviu-se do pão de ló e do arroz doce decorado com canela, dispersos pela mesa em pequenos pratos. Toda a gente lhe prestou a devida homenagem. Os bis e os tris não precisam ser rogados. A mãe do noivo, como anfitriã e briosa em receber os seus convidados, deu conta que os pratos de arroz doce que se haviam preparado, não estavam todos na mesa. Há que traze-los. Na cozinha não estão. Abre a porta dum quarto e sente o aroma da canela. Espreita por baixo da cama que lá estava e...eureka! Quem os levou para lá, para o quarto dos noivos? Tinha sido a prima Marquinhas com a sua tão característica e obstinada ideia da poupança demasiada ou, talvez, para proporcionar aos noivos, antes de adormecerem, noites plenas de doçuras.
O arroz doce continuou, na mira da prima Marquinhas, a ser um manjar só para degustar. Para satisfazer o apetite, havia outras coisas mais económicas, tais como: batatas, feijão, couves mas com pouco azeite. Uns anos mais tarde, depois do casamento do sobrinho, aconteceu um episodio de pouca relevância mas que foi aproveitado durante alguns anos para complemento de apartes de alguns dichotes.
A prima Marquinhas festejava um aniversario na companhia duma irmã, duma cunhada, filho, sobrinhos e primos, numa estancia balnear onde foram veranear durante 15 dias. Depois da simples refeição do almoço, a prima Mariquinhas coloca na mesa uns tantos pratos com arroz doce e deles serve, com conto e medida, os participantes na refeição. Não houve os "parabéns a você" porque no meio social em que se vivia, a cantiga era desconhecida, a não ser os fados do Estêvão Amarante ou as cantigas da Mirita Casimiro. Os pratos onde o arroz foi servido, vão ficando vazios. A prima Marquinhas que tinha sentado a seu lado o sobrinho mais novo, pergunta-lhe em voz audível:
 - Queres mais?
E de imediato, em voz baixa:
-  Diz que não, diz que não, diz que não!
Continuando e memorizar a nossa querida prima e tia Marquinhas, que há muitos anos está com Deus, como era seu ardente desejo, e que me levava na charrete quando eu ia a pé com minha mãe a caminho de Cem Soldos para assistirmos à missa.
Não é uma memória de enaltecimento. É uma memória para caracterizar. E... assim, quando algum mendigo batia ao portão da casa e lhe parecia que era pessoa ainda com bastante capacidade para o trabalho, entregava-lhe uma vassoura rústica (vassoura feita de galhos) e mandava-o varrer todo o pátio. Depois do trabalho feito e inspeccionado, dava-lhe a moeda ou o  óbolo.(Ilídio Mota Teixeira)


As Contas, de José de Brito (1855-1946)



* Era minha tia-avó, irmã da outra,  e igualmente bem viva e muito presente na minha breve passagem por Porto da Lage, em criança.

É verdade tudo o que Ilídio diz, aliás, creio que não haverá na memória de todos os maiores de cinquenta anos, que alguma vez privaram com a tia, prima ou apenas sª D. Maria Mota, ser menos controverso do que a própria. Na sua definição entram unanimemente dois conceitos (as palavras variarão consoante a literacia e a delicadeza de quem as profere): parcimónia e fervor religioso.

Fui, como todos, vítima dos seus interrogatórios acerca do cumprimento das obrigações do culto católico, as confissões e comunhões em dia, as orações ao deitar e levantar, os jejuns dos dias obrigatórios, tudo era questionado quando não era observado ou sabido de fonte segura. Vi uma vez um congénere meu (também sobrinho-neto) rapaz espigadote, de cabelos compridos e calças à boca-de-sino, e em quem todas estes assuntos estavam tão presentes como a água no deserto, ser torturado (não, não ponho aspas, foi mesmo) por, às cinco da tarde de um domingo ter confessado (coitado, foi-lhe perguntado e era um inocente) “ainda” não ter ido à missa!

As hipóteses de “ainda” recuperar do delito foram-lhe apresentadas num raio de vinte quilómetros, a tia sabia os horários de todas as missas nos três concelhos limítrofes! É verdade que os transportes eram inexistentes, o que pouco importava pois o menino tinha boas pernas, ainda faltavam duas horas para a última missa, o sacrifício era bem visto aos olhos do Senhor e Ele havia de o ajudar!

Valeu ao pobre não se pôr a caminho de nenhures (ela dispunha-se a acompanhá-lo) ao fim de tarde de rigoroso domingo de Inverno, o meu avô, que, não obstante não ser menos rígido que a irmã na observância dos ritos religiosos, era pessoa prática e razoável – Chega Maria, já não há nada a fazer! O rapaz terá prometido não faltar a mais nenhuma missa o resto da sua vida (acredito que, pelo menos a uma foi, agradecer a Deus por ter sobrevivido) e deixaram-no ir. Mais tarde partiu para os Estados Unidos. Ainda hoje lá está. Penso que este episódio não terá nada a ver com isso.

Mas não são só estas as recordações que tenho da tia, melhor, estas são as minoritárias.

Recordo a ternura que sempre me demonstrou. Quando a avó adoecia e a tia Alice não se encontrava por perto, era ela que atravessava, de noite, a pontesinha de madeira e a horta, escuras, de lanterna na mão, e me vinha aconchegar à cama. Me dava um beijo de boa noite e me recomendava ao meu anjo da guarda. De manhã quando acordava, já lá a encontrava em casa, na cozinha, à minha espera de caneca de leite com café de cevada e pão com manteiga na mesa. Quando a garganta ou as dores nas pernas me afligiam, impunha-se o seu remédio de eleição: algodão encharcado em álcool! Para a primeira, o dito envolto num pano era amarrado ao meu pescoço e, imediatamente, a cabeça enfiada debaixo dos quilogramas dos cobertores de papa, “para não evaporar”. Funcionava “como a graça de Deus”. Quanto às pernas, friccionava-mas com toda a força com o bendito álcool, tapava-as, também de repente, com as calças de flanela do pijama e ala, cobertores de papa para cima! Parece que o álcool, os cobertores de papa e a rapidez de movimentos, eram, para a tia, o segredo da cura!

Duas ou três vezes fui mesmo “transferida” para casa da tia. E aí a coisa era bem mais divertida. Não havia escadas e a casa cheirava a cera e a flores. E lá existia a Anunciação, sua companheira de muitos anos, pessoa conversadora e simples, que limitava os rigores de culto ao mínimo exigido pela patroa, a quem contrariava e confrontava sem grandes cerimónias num tom de voz meio gritante a que a tia respondia sempre calmamente, baixinho. A disparidade do tom de vozes, aliado ao facto da tia, como todos os Mota, ser surda, tornava aqueles diálogos deliciosos de ouvir. Agora que penso nisso, recordo que assim como eram (e são, incluo-me) surdos, os Mota falavam baixo, com calma, sem exaltações mesmo quando indignados ou até encolerizados.

Quando fiz o meu exame da 4.ª classe, em Tomar na escola da Várzea Grande, foi também a tia que me acompanhou. Lá fomos, de carro com motorista, cortesia das ligações familiares da tia, enquanto as minhas colegas iam de camioneta da carreira. Recordo-me das suas palavas de incentivo antes de entrar na sala, eu deveria, claro, em primeiro lugar “confiar em Deus” mas também lembrar-me que “era muito inteligente”, portanto tudo correria bem.

Poucos elogios calaram tão fundo em mim como este, em toda a minha vida nunca me esqueci. Assim como sempre me lembrarei da merenda que a tia  me trouxe depois e que comi sentada num banco de pedra no recreio da escola, pão-de-leite com fiambre, um verdadeiro luxo à época.
Terá sido esta uma das últimas vezes que privei com ela. Depois de sair de PL via-a esporadicamente. Já adulta, visitei-a quando estava muito doente, dias antes de falecer. Voltei então a entrar na casa dos meus encantos de criança, o cheiro ainda lá estava à minha espera. E recordo a tia a dormir, com a cabeça descansada numa bela almofada branca bordejada com largas rendas engomadas, a face visível muito rosada e um enorme sorriso que só podia ser de felicidade. O mesmo sorriso que vi na cara do meu avô no momento que partiu.  De certeza que foram, os dois, para onde sempre aspiraram ir. (MFM)

17 de outubro de 2013

Esta água foi nascer naquela encosta do monte, para vir dar de beber a quem passar pela fonte



Dia sombrio, de Natal de 1950. O ilustre médico vereador da Câmara Municipal de Tomar, marcou este dia para a inauguração da obra pública de abastecimento de água mineral a Porto da Lage, sua muito bem querida aldeia natal. Eram convidados dois membros autárquicos, o presidente da junta da freguesia da Madalena e seus adjuntos, o pároco da mesma freguesia e mais algum elemento local que colaborara na obra. Ao grupo de convidados, juntou-se uma parte da população e um reduzido número de pessoas que tinham vindo comemorar o Natal.

.....implantada em terreno público, contíguo à ponte que atravessa a Ribeira....


A operação inauguração começa na fonte implantada em terreno público, contíguo à ponte que atravessa a Ribeira. O pároco é convidados a iniciar a cerimónia. Retira duma maleta, que o auxiliar transporta, os objectos necessários que compõem o ritual da bênção com água benta. Este cumprido, o promotor da obra acciona a torneira e a água esparge - se com abundância no fundo da pia.
....agradece aos beneméritos que não estão
presentes ...


Em seguida, com umas breves palavras, agradece aos beneméritos, que não estão presentes, a cedência do uso da água que vem lá de cima da mina do monte para dar de beber a quem passar pela fonte.
....A pia do fontanário destinada aos animais foi transformada
em vaso onde foi  plantado um salgueiro...
 Segue-se a inauguração do fontanário que está na berma da estrada, ao lado da Levada, no larguinho do armazém da CUF. É uma obra ligada à da fonte da ponte. Tem em um dos lados uma torneira e um apoio para as vasilhas e no lado oposto uma torneira e uma pia para os animais beberem.
Muito bem! Finalmente os animais são bem tratados. Beberão água mineral de boa qualidade, só que, há um "busílis", têm que pisar terreno privado e o dono veio reclamar o abuso ao promotor e convidados.
Grosseria autêntica, imperdoável.


Realizada a inauguração e incidente ultrapassado, segue-se a reunião no Grémio, sala de visitas incontornável e sempre franqueada a todos os visitantes desta aldeia familiar.
O vereador e promotor dirige mais umas palavras à assistência, refere-se com bastante mágoa ao incidente do fontanário e termina com um agradecimento à vinda dos convidados.



.....A água da mina do tempo dos mouros era e ainda é
de excelente qualidade...
O Presidente da junta da freguesia que estava entre a assistência, espera pela última palavra do orador e, pegando numa laranja de um prato que estava sobre a mesa de pingue-pongue, lança-a ao ar várias vezes como quem está a calcular o seu peso e qualidade e anuncia, em jeito de pregão: vai falar o Senhor presidente da Junta de Freguesia!
E disse umas tantas palavras soltas, olhando sempre para a laranja que tinha na mão.

A pia do fontanário destinada aos animais foi transformada em vaso onde foi plantado um salgueiro e o abastecimento da água mineral aos fontanários das duas povoações, Porto da Lage e Paço da Comenda, foi feito durante cerca de 30 anos.

A conduta em cano de fibrocimento foi-se deteriorando até que ficou inutilizado. A água da mina do tempo dos Mouros, como se dizia, era e ainda é de excelente qualidade.(Ilídio Mota Teixeira)





16 de outubro de 2013

O Luisinho das Flores



Espantando os pardais da seara, José Malhoa


Pelos anos de 1930 e 1940, era frequente aparecerem em Porto da Lage pequenos grupos nómadas, vagabundos, estropiados, vadios, indigentes. Os ciganos erguiam as tendas na margem da Ribeira, estacionavam a carroça, apascentavam os animais na relva da Ribeira e, por ali ficavam durante alguns dias. Os vagabundos aproveitavam o que o abrigo lhes oferecia. Os pedintes esmolavam de porta em porta, anunciando-se com rezas e lamúrias. Os vagabundos vagueavam durante o dia e desapareciam durante a noite.

Roque Gameiro, Ilustração das Pupilas do
Senhor Reitor
Desta gente anónima, sem eira nem beira, havia uma figura que se destacava pelas suas qualidades artísticas e conduta social. É o Luisinho das flores. Tinha 20 e poucos anos, estatura média, franzino, semblante afável e levemente formoso. Não pedia coisa alguma. Vendia os seus méritos de artista nato. Tocava maravilhosamente músicas populares com um pífaro feito de folha de Flandres, mais conhecido como pífaro de lata que era muito vulgarmente vendido em qualquer feira anual. Exibia-se a pedido de qualquer pessoa cobrando-se de uma moeda de 50 centavos em níquel. À sua aptidão natural para a harmonia dos sons, juntava-se a de esculpir em papel de cor as pétalas de uma flor, uma rosa ou um cravo, formava-a sem qualquer ferramenta de corte. Usava as unhas dos dedos das mãos. Pelo mesmo preço da tocata a solo, vendia a flor. Foi esta capacidade artística que lhe valeu o cognome, das flores. O diminutivo vinha da sua pouca idade e aparência física.



O Luisinho das flores, em um dia sem data registada, deixou de aparecer assim como a "velha do chá", o ex- soldado gaseado da guerra 14 e mesmo os ciganos. Ficaram na memória de alguém, para os bem recordar..(Ilídio Mota Teixeira).



O Emigrante, José Malhoa

15 de outubro de 2013

A Velha do Chá




Pelos anos finais de 1930 e alguns de 1940*, aparecia em Porto da Lage uma senhora, de quem não se sabia a idade mas que não aparentava ser idosa. Vinha por períodos curtos com uma pequena trouxa à cabeça, de aspecto andrajoso e refugiava-se em qualquer recanto que lhe parecesse mais abrigado. De noite, acendia uma pequena fogueira com pequenos garavetos para se acompanhar e aquecer. Ali estava sentada, espevitando a pequena fogueira, balbuciando palavras imperceptíveis. Durante o dia mantinha-se no mesmo local, na mesma posição, a cozinhar, não se sabia o quê, em pequenos recipientes recolhidos de algum lado.
A boa gente de Porto da Lage conhecia-a por "velha do chá", baptismo que terá sido sugerido pelo chás variados que ela preparava e bebia.
A pobre senhora não importunava ninguém a esmolar. Quando se socorria de um auxílio, era sempre como um empréstimo; era um ovo, uma colher de açúcar, uma chávena de arroz. Quando se dirigia às pessoas para contrair empréstimo, usava de palavras e tom de voz que acreditassem o favor. Se não era atendida no seu pedido, que acontecia com frequência, lastimava-se com palavras de resignação.
Nestas tristes condições, esta pobre senhora por aqui viveu, vagabundando, durante alguns anos. Desconhecia-se a sua origem e a identidade. Não terá sido uma vagabunda qualquer. A sua fisionomia ainda delicada, comportamento e modo de se expressar, denunciavam alguma educação cuidada.
A história desta mulher fica por contar. É desconhecida. Seria dramática? Desditosa ou simplesmente uma vagabunda?(Ilídio Mota Teixeira)

As Papas, 1898, José Malhoa, 

* Ainda me lembro de a ver de pés descalços e pernas nuas, envolta em sacas de sarapilheira, cerca de 1966.(MFM)