Si hortum in biblioteca habes deerit nihil

Si hortum in biblioteca habes deerit nihil
Todos os textos aqui publicados podem ser utilizados desde que se mencione a sua origem.

21 de maio de 2016

Ainda o 3 de Maio

 Ainda sobre o contributo que H.C.M. nos trouxe sobre a comemoração do dia 3 de Maio pelos meninos da escola de Porto da Lage, temos mais uma informação: entre a proclamação da República e a Revolução de 1930, o Brasil celebrava aquele dia, que era feriado nacional, como o da sua descoberta.




14 de maio de 2016

13 de Maio de 1967


Cinquenta anos depois do primeiro, acontece, para nós netos, o segundo e desta vez incontestável milagre! João Pereira da Mota abandona, numa manhã de um semanal dia radioso, a sua faina diária, atravessa a sua pontesinha particular, entra no clube, senta-se e assiste maravilhado, pela TV, à celebração da missa pelo "Santo Padre" em Fátima. (MFM)







3 de maio de 2016

3 de Maio - Dia de Vera Cruz, em Porto da Lage e em Stratford-upon-Avon


O portodalagense H.C.M. diz:

"Em Porto da Lage, no dia 3 de Maio, os miúdos da escola iam “plantar” cruzes de cana cheias de flores; era dia da Vera Cruz e dizia recordar a descoberta do Brasil. Erro histórico que a professora tolerava."

                                                      
William Shakespeare (1564-1616)
                                     


Parece que o "erro histórico" felizmente, segundo S.Google, ainda se comemora ou comemorava há meia dúzia  de anos e tem mesmo que ver com a descoberta do Brasil.
 O Brasil foi descoberto, dizia-se dantes quando éramos eurocêntricos, foi achado, diz-se agora (ainda não percebi porque é que o verbo achar, ao contrário do descobrir, já não dá a perspectiva da Europa como centro do mundo mas é assim que correm as coisas) em 22 de Abril de 1500. Poucos dias depois a célebre carta de Pero Vaz de Caminha anuncia ao rei D.Manuel I: Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500…
É possível, portanto, que a população, que só deve ter sabido do acontecimento muito tempo depois e com a deturpação habitual, passasse a comemorar a data a 3 de Maio.
Ou então é tudo uma questão de Calendário Gregoriano e os onze dias de diferença são só os onze dias de acerto que aquele obrigou em 1582. E quando é para obedecer às ordens lá de fora sejam as do Papa Gregório sejam as de outros quaisquer papas de que tempo for, cá estamos nós prontos!
Melhor sorte, ou não fosse inglês, teve o grande William Shakespeare que, morrendo a 23 de Abril,  continuou a aniversariar a morte no mesmo dia ao longo de 400 anos.   

Mas que interessa uma data? Importante era o que os meninos de Porto da Lage faziam, importante é a lembrança de H.C.M.,mais importante ainda, que se lembre de nós para a partilhar porque, como dizia aquele grande poeta e dramaturgo, “aquilo a que chamamos rosa mesmo com outro nome teria igual fragrante perfume” (MFM) 

1 de maio de 2016

Primeiro de Maio




Resultado de imagem para giestas




Em Portugal celebrava-se desde tempos imemoriais o dia das "Maias" que teria como origem antigos ritos e cultos agrários destinados a assinalar o final do Inverno e a chegada da Primavera. Em algumas regiões colocavam-se na véspera, à noite, as maias (ramos de giestas amarelas) nos buracos das fechaduras, na parte de fora das portas, penduradas das maçanetas ou puxadores, nas varandas e nos parapeitos das janelas, para o diabo não entrar pois este andava à solta na noite de 30 de Abril para 1 de Maio

No dia 1 de Maio de 1886, lá longe nos EUA, milhares de trabalhadores de Chicago juntaram-se nas ruas para protestar contra as  más condições de trabalho e reivindicarem as 8 horas de trabalho diário, acontecimento de tal maneira fortemente reprimido pelas forças policiais que causou feridos e mortos, os quais ficaram conhecidos como "os Mártires de Chicago". Em 1889 o Congresso Operário Internacional, reunido em Paris, decretou o 1º de Maio como o Dia Internacional dos Trabalhadores. 
Ainda mal tinham passado seis anos sobre esta data e já temos noticias que os operários, "os artistas" de Tomar a celebravam convictamente! Passou a ser um dia tradicionalmente festejado pelo operariado e pela pequena burguesia, caixeiros, costureiras, empregados do comércio que, fosse por convicção associativa ou por resquícios  das velhas celebrações das maias, partiam para os campos durante a tarde a fazerem os seus pic-nics, à noite para o comício e terminavam o dia a bailarem nas associações de recreio. Até que o Estado Novo acabou com a festa. Mas uma classe profissional manteve sempre o 1.º de Maio como o seu dia. E celebrava-o. A oficina de um tipógrafo, meu tio cujos 93 anos cá estão para o confirmar,  fechava anualmente neste diatal como todas as outras tipografias,  para o pessoal  fazer o seu pic-nic destinado à prova de vinho (qualquer um). E não houve ditadura que se  atrevesse a acabar com essas provas. (MFM)



5.05.1895

                                                           


3.05.1896

                                               


9.05.1897

                                           

19 de abril de 2016

Uma questão de sapatos

A propósito de um programa de televisão que acabo de ver*, que pretendia, como sempre, concluir com a existência do racismo em Portugal, lembrei-me, como me lembro sempre mas parece que sou só eu, como é fácil justificar o pecado da menorização do próximo com o pormenor ridículo da pigmentação da pele. Espezinha, humilha, explora, no limite escraviza, quem tem poder para isso. Poder que as condições históricas do momento concedem e que, naturalmente vão variando com os tempos- a mó de cima vai alternando. Portugueses de meados de XX passavam fome e andavam descalços  em  Portugal, pelo que demandaram as franças onde eram porteiras e pedreiros e, por isso, eram vítimas de racismo por parte dos franceses,  enquanto outros portugueses exploravam  as colónias onde negros passavam fome e andavam descalços e, por isso, eram vítimas de racismo por parte dos portugueses. Outros portugueses, bem nascidos e bem pensantes, viajavam até Paris para arejar as cabeças oprimidas pelo obscurantismo da Pátria, envergonhando-se da bestialidade dos compatriotas que lavavam os vidros das montras e se empoleiravam nos andaimes dos "bâtiments", fugindo de falar português para não serem confundido e, por isso, tornavam vítimas de racismo duplamente outros portugueses (?). Hoje, os filhos daqueles também já rumam às franças por necessidade e os paisinhos deitam as mãos aos cabelos por os seus meninos, coitadinhos, serem obrigados a "ir para fora", enquanto hordas de angolanos escurinhos entram pelas lojas da Avenida da Liberdade e saem carregados de sacos a pernoitar no Ritz. A mó de cima é agora outra. Já não há portugueses rurais e de pé descalço, continua a haver africanos com fome e inúmeras doenças mas deixou de ser problema nosso, os subúrbios das grandes cidades  abarrotam de gente que trabalha nas mais desvairadas horas, se transporta de metro e deixa os filhos sozinhos o dia todo, o que faz com que o tuga bem comportado se recuse a enfiar "nos transportes públicos" por estes não terem "qualidade" e terem de chegar a horas aos empregos "superstressantes", pelo que precisam de comprar carro novo amiudamente,  e tenha que meter os filhos, quando os tem, no colégio tal, para não os misturar com os miúdos dos bairros sociais. Não, os portugueses não são racistas, seriam quanto muito castistas, de castas, se tivessem uma cultura que lhes permitisse permanecer numa casta algumas gerações ou para sempre como os hindus, mas não, os portugueses são "camadistas" vivem em camadas aspirando sempre a ascender à camada de cima. (MFM)

Eu sou a  que tem sapatos mas, lembro-me bem, muito contra a minha vontade.


* ontem dia 18/04

18 de abril de 2016

Mudam os tempos e as paisagens, apenas.


                                                  


À espera de alimentos na noite do Porto.

                                                   
15.02.1885






31.10.1886

























                                           10.02.1889


26.04.1896



11 de abril de 2016

Alfredo Keill



Alfredo Keill,o autor da nossa Portuguesa também, já aqui o dissemos,  deve ter entrado algumas vezes na estação de Paialvo, como desta vez, em que escolheu o local dos Valles, na Sertã, para veranear e trabalhar. Talvez fosse por aqui que encontrou este Telheiro do ferrador e decidiu passá-lo à tela.




20.09.1896

Telheiro do Ferrador, Alfredo Keill



1.12.1895





8 de abril de 2016

Adães Bermudes, mais excursionistas e sempre Paialvo


A tipologia geral das escolas Adães Bermudes.

Adães Bermudes  (1864-1948) foi um arquitecto neo-romântico, divulgador da arte nova em Portugal, vencedor do prémio Valmor, autor de muitos edifícios das chamada Avenidas Novas e de outros distribuídos por Lisboa e pelo país, co-autor do Monumento ao Marquês de Pombal em Lisboa, etc. Porém, é hoje em dia lembrado por o seu nome estar ligado à tipologia de escolas primárias projectadas nos finais de oitocentos. Em Tomar existiu uma destas escolas, a da Várzea-Grande, aquela onde durante décadas as crianças de todo o concelho iam fazer o velho exame da 4.ª classe. Foi demolida nos anos oitenta do sec.XX. Desconheço os motivos que levaram a edilidade tomarense a tomar esta decisão, hoje em dia estes edifícios são as meninas dos olhos das localidades que os possuem. Teria talvez, já um bocado fora de tempo, a “embirração” do escritor Fialho de Almeida que, quando morreu em 1911, deixou em testamento dinheiro para a construção de uma escola com a condição de não ser em "estilo Bermudes”.(MFM)


29.12.1895





14 08 1898


Fotografia da Várzea Grande de 1934 (parada de bombeiros) , onde se pode ver a antiga Escola Primária de tipologia Adães Bermudes. As fotografias abaixo são de autoria desconhecida e não se encontravam datadas.











O interior de uma sala de aula. Um festival de luz.
                                                           

6 de abril de 2016

Cipriano Martins



A Escola de Desenho Industrial Jacome Raton foi criada em Tomar em 1884 juntamente com mais outras sete em todo o país.



14.12.1884
19.10.1884
                                                   


26.07.1885


                       
9.11.1890

                                                     
                                                                                                 
Foi seu primeiro director outro pintor do Grupo do Leão José Joaquim Cipriano Martins (1841-1888) um paisagista, mas sobretudo retratista, que viveu em Tomar e se inspirou na paisagem tomarense para realizar algumas das suas obras.


Capela Real de S.João BaptistaJosé Joaquim Cipriano Martins, 1886
                                                           


13.12.1885





















4 de abril de 2016

Manuel Henrique Pinto

                                                       

Manuel Henrique Pinto (1853-1912) foi também um pintor naturalista, integrante do Grupo do Leão e grande amigo de Malhoa. A sua ligação a Tomar deve-se ao facto de, entre 1888 e 1911, ter sido director da Escola Industrial Jacome Raton. Alguns dos seus quadros retratam conhecidas paisagens urbanas da cidade.
Como sempre, especulamos quando dizemos que este pintor foi, como outros, e neste caso acompanhado pelos seus quadros, um passageiro da Estação de Paialvo. Mas este postal de aniversário ,que o seu amigo Malhoa lhe enviou, de certeza que passou por aqui. 


14.04.1895



















Desenho de pormenor da Janela da Sala do Capitulo, 1901







1 de abril de 2016

Malhoa

                         

A passagem do comboio, José Malhoa,1896 .
Teria sido em Porto da Lage, quando chegou para se dirigir a Figueiró dos Vinhos,ou quando de lá vinha e apanhou o comboio na estação de  Paialvo, para voltar para Lisboa,que o pintor se inspirou para esta obra?

José Malhoa (1855-1933) é pintor residente deste blog, ele e mais outros pintores naturalistas portugueses seus contemporâneos ou mesmo alunos. As suas cenas de género e de costumes, o país rural de fins de oitocentos e do princípio do SEC.XX (que não terá diferido muito do Portugal que conhecemos há cinquenta anos), que tão bem retrata, ilustram bem, acho eu, os textos que por aqui temos mostrado. As suas figuras de gente simples cheia de sentimento e humanidade, sempre envolvida na cor e na luz de Portugal, sensibilizam-me muito.
Mas, além da paisagem e do quotidiano do homem do campo, Malhoa pintou retratos da aristocracia, nus e aventurou-se no bas- fond urbano, retratando, em cores mais fortes e sem sol, os Bêbados e o famosíssimo Fado. "o mais português dos quadros a óleo" como lhe chama a letra do fado propriamente dito que o imortalizou e ao autor. Sobre aquele vale a pena, pelo pitoresco, conhecer os modelos Amâncio e Adelaide da Facada e a forma como foram protagonizando o retrato final.
Ainda em vida, Malhoa conheceu a glorificação do seu trabalho, foi homenageado pelo poder, considerado pela crítica em 1907 como o «mais nacional de todos os pintores portugueses», sendo, simultaneamente admirado pelo público em geral e extremamente popular. Conta-se que, depois do 5 de Outubro, quando republicanos empedernidos se preparavam para esfaquear a tela com o príncipe Luís Filipe exposta na Liga Naval, um popular se atravessou – Aqui ninguém toca, é um quadro do Malhoa!
O seu caminho estético não acompanhou o dos seus contemporâneos internacionais, dizem uns que por não ter podido estudar em Paris, para onde, por duas vezes, lhe foi negada uma bolsa. Mas a maioria da critica considera que pintava assim porque queria, numa época apaixonada por valores abstratos, ele foi, serenamente, um concreto valorizador*, diz dele José- Augusto França. Uma vez tentou aproximar-se dos Impressionistas com o Outono, mas parece que foi só para mostrar que o sabia fazer, não continuou. Não deixou, no entanto, de ser ele próprio um percursor nos anos 1880, integrando o Grupo do Leão, tornando mais agressivo o naturalismo, afastando-o do romantismo, mas sempre à sua maneira sem classificações, apesar de ser considerado o "pintor das gentes portuguesas" nunca lhe chamaram pintor "nacionalista", nenhuma ideologia se sobrepôs à criação de Malhoa: ele amava a sua terra e a sua gente, e pintava-a por isso mesmo*, conclui José- Augusto França.
Na década de 80 do SEC.XIX adquire uma casa em Figueiró dos Vinhos, virá, talvez, daí a sua ligação a Tomar e, de passagem, a obrigatoriedade de conhecer a Estação de Paialvo. Entendamos, portanto, que o grande Malhoa se apeou e subiu, durante mais de trinta anos, na nossa gare e calcorreou, igual número de vezes, de chars –à-bancs ou de carruagem a velhinha estrada, esburacada e desconfortável, Paialvo -Tomar seguindo ainda, depois, para o seu Casulo. (MFM)



8.10.1893
                                                                 

15.07.1928

Outono, José Malhoa 1918
*FRANÇA, José-Augusto, 1990, A Arte em Portugal no Século XIX, vol. II, pag.297, Lisboa, Bertrand Editora

29 de março de 2016

Ilídio Mota Teixeira (1930-2016)


Eu tenho a fantasia de imaginar os homens como as árvores e por isso acreditar que a inteireza e a verticalidade dependem da estrutura do tronco, sim, mas que este, por si, rebenta com a ajuda do carácter das raízes. Tenho assim a tendência para arrumar as gentes (ia a dizer classificar mas pode confundir-se com ordenar e não é essa a minha intenção) de acordo com a importância que dá às origens. Há quem não lhes ligue nenhuma, quem viva tão ávido de “folhas, flores e frutos” que nem chega a ter raízes superficiais, está tão ao sabor do vento que corre o risco não de viver desenraizado mas desenterrado. Também existe o oposto, quem só viva à custa e pelas raízes, mas esses são grandes tubérculos, batatonas imensas cheias de vaidade, condenadas a vaguear sem a claridade que presenteia as árvores desta vida. E há outros, que vivem fazendo gosto em carregar consigo o berço, seja ele de que matéria for tecido, e transmiti-lo, à família e até a outros, sem que nada a isso os obrigue, só porque sim, porque são árvores altas e frondosas e a sua sombra todos acolhe. É o caso de Ilídio. Ele teve a generosidade de partilhar o que a sua memória trouxe de menino mais o que outros antes dele lhe contaram, e que a sua sensibilidade e inteligência souberam reproduzir. Tive a sorte de beneficiar dessa nobreza de alma.  A minha eterna gratidão. Graças a ele conheci alguma história e reflexões sobre a história de Porto da Lage, aquilo a que chamou lembranças e conjecturas a "pequena história" desta localidade na primeira metade do sec. XX, os seus tipos   trágicos e cómicos que mais do que uma geração conheceu, os dramas  locais e os  grandes acontecimentos, os pontos de encontro diversão, com o grémio à cabeça, e a grande marca da terra, a família,  as características especiais  dos tios , de primos e de primas. De tudo nos falou Ilídio Mota Teixeira, nos posts publicados com a colaboração de sua filha  no ano de 2013, com graça, talento e um  amor visível pela terra que o viu nascer. Guarda desta forma, este blog, as marcas de alguém que passou por nós cumprindo a missão de perseverar e transmitir heranças. Saibamos nós honrar a sua confiança legando-as a outros. (MFM)



Ilídio Mota Teixeira com a idade de 22 anos na colina da Ermida de Sta. Margarida

Ilídio Mota Teixeira nasceu em Porto da Lage em 8 de Novembro de 1930, sexto e penúltimo filho do casal  Luís Pereira Teixeira e Ana Rosa Mota. A irmã Doce recorda-o como uma criança alegre, grande caçador de grilos que trazia para casa em quantidades apreciáveis, dentro do boné. Era também um cavaleiro apaixonado, tendo chegado a ir até Ferreira do Zêzere montado numa égua propriedade da sua casa. Depois da  primária em Porto da Lage, na escola sua vizinha de rua, fez o Liceu na cidade do Porto, localidade onde exerceu toda a sua actividade profissional na empresa familiar da qual era sócio, onde viveu o resto da sua vida, tendo-se apenas afastado para cumprir o serviço militar em Tavira e Tomar. Faleceu, igualmente no Porto, no passado dia 23 de Março.Deixa duas filhas e uma neta.

Nota: Fotografia e dados biográficos fornecidos pela irmã, Dulcinda Mota Teixeira.

23 de março de 2016

Volta de Novo à Terra



Pablo Picasso -1930



A Jesus Crucificado


Volta de novo à Terra,
Alvo e manso Cordeiro,
Vem resgatar os homens
De pecados sem fim.

O preço do resgate
Só o teu corpo e o teu sangue
O poderão pagar.

Nesta hora de fé,
Eu te prometo e juro
Que hás-de tornar a ser
Por nós crucificado.

Ao cimo do Calvário,
Maria nossa Mãe,
A açucena da Terra
E o arco-íris do Céu,
Há-de estar a teu lado.

E o azul do seu manto,
Ao pé de ti, será
O luar reflectido
Sobre o esplendor do Sol.

Américo Durão (1893 -1969)